quarta-feira, 28 de outubro de 2009

PRÊMIO GOIÂNIA EM CENA 2009

Merecidamente, o Circo Laheto, dirigido pelo palhaço Maneco Maracá, ficou com o Prêmio Goiânia em Cena 2009, com o espetáculo História de Goiás no Picadeiro.

O que o público o público já sabia foi constatado pela comissão de premiação, formada pelos professores Aguinaldo Souza (PR), Urania Maia e Newton de Souza, ambos da Escola de Música e Artes Cênicas de Goiás/UFG, que escolheu a trupe do Maneco como a melhor da edição 2009 do festival, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura.

O Circo Laheto, que em novembro vai para a Mostra de Teatro Nacional de Porangatu, ganhou troféu e R$ 5 mil para circular pela cidade. Parabéns Maneco!

BALANÇO DO FESTIVAL GOIÂNIA EM CENA 2009



Pela primeira vez o Festival Internacional de Artes Cênicas Goiânia teve um encerramento à altura da sua importância. Novidade da edição 2009, a Cena Lírica, sob a regência do maestro Norton Morozowicz, arrebatou a plateia, que lotou o Teatro Madre Esperança Garrido, para ouvir boa música. Árias de óperas consagradas comoCarmen, La Traviata, Nabucco, Pagliacci, Sansão e Dalila, Aída foramimpecavelmente interpretadas pelos solistas Adriana Clis e RubensMedina, duas celebridades do canto lírico, Orquestra e CoroSinfônico de Goiânia. Se depender da coordenadora, a musicista Glacy Antunes, a ópera fará parte das próximas edições do festival.


O Goiânia em Cena chegou ao fim consolidado como o maior evento doteatro em Goiás. Foram 10 dias de intensa movimentação cultural emparques, praças, teatros e centros culturais, com um público estimado em 17 mil pessoas, um número considerável e muito interessado.

Os espetáculos locais Primeiros Movimentos, da Quasar Jovem, Boi, do ator Guido Campos Correa e Indecência, da Cia. Benedita de Teatro, tiveram o maior número de espectadores . Dos grupos convidados, os preferidos público foram o Galpão (BH), Cena Lírica, Grupo Lume (SP) e Traço.Cia. de Teatro. A Cia. Os Satyros deTeatro (SP), com os espetáculos Justine e Os 120 de Sodoma, foi a mais prestigiada pela classe artística.


A programação diversificada e de qualidade contemplou o teatro, a dança, o circo e a música, dentro da proposta Tradição e Contemporaneidade. Exceto pelos atrasos ocorridos em todos os espetáculos, o resultado da oitava edição do festival é muito positivo. O cancelamento da apresentação da Cia. de Dança Sesiminas, de Belo Horizonte, em cima da hora, e sem uma explicação plausível, foi o único registro destoante, sem contar com alguns trabalhos que derraparam nas propostas, como a Esther Weitzman Cia. de Dança (RJ), Indecência, da Cia. Bendita de Teatro(GO) e o Circo Mínimo (SP).

Algumas produções agradaram mais que outras. Entre os bons momentos convém destacar o italiano Matteo Belli, com Inferno de Dante, uma releitura da obra de Dante Alighieri; Till, a Saga de um Herói Torto, novo espetáculo do Grupo Galpão, As Três Irmãs, da Traço Cia. de Teatro, e Você, do Grupo Lume. A Cia. Ballet de Londrina mostrou todo o seu potencial com Para Acordar Os Homens e Adormecer as Crianças, de Leonardo Ramos. O grupo é um dos poucos a desenvolver uma carreirafora dos grandes centros.

Contribuição
Todos os 27 espetáculos selecionados tanto de Goiânia como de SãoPaulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Itália têm comum a pesquisa de linguagem, dramaturgia de qualidade e inovadoras técnicas deinterpretação. Oficinas e seminários tiveram a participação decentenas de estudantes, atores e pessoas interessadas no aperfeiçoamento e na ampliação de conhecimentos. O intercâmbio cultural proporcionado pelo festival é outro fator importante a ressaltar. Não há dúvida de que o festival tem contribuído com otrabalho dos grupos locais e na formação de plateia, que aumenta acada edição.
Foto: Layza Vasconcelos

CIA. OS SATYROS DE TEATRO (SP)


Baseado na obra do Marquês de Sade, o espetáculo Justine foi o grande momento da Cia. Os Satyros de Teatro. Em cartaz no penúltimo dia do festival, o grupo levou um público enorme ao Circo Laheto, onde apresentou logo em seguida Os 120 Dias de Sodoma, ambos sob a direção de Rodolfo García Vázquez.


Conceituado no Brasil e no exterior, Os Satyros apostam na ousadia e na sátira com conteúdo. Justine é uma produção muito bem cuidada, envolvente, com uma narrativa ágil e boas interpretações. Baseada na obra do Marquês de Sade, a história de Justine prende a atenção do espectador do começo ao fim, mesmo aquele que só conhece de ouvir falar das proezas e libertinagens literárias do autor francês. Mesmo com um texto pesado, com muitas cenas de sexo explícito, a produção é bem-humorada e nada apelativa.
Foto: Layza Vasconcelos

SELECIONADOS PARA MOSTRA DE PORANGATU - 8º TENPO

Para a Mostra de Teatro Nacional de Porangatu - 8º Tenpo, que será realizada de 10 a 15 de novembro, foram selecionados 13 espetáculos adultos, infantis e performances.

Adultos
- Boi (Guido Campos Correa)
- Balanço (Bruno Peixoto)
- O Giro da Criatura (Grupo Olho da Rua)
- Macário (Cia. Oops! de Teatro)
- Perfume para Argamassa (Kleber Damaso e Viviane Domingues)
- os Saltimbancos (Grupo Trem de Doido)

Infantil
- Chiquinha, a Fofoqueira (Teatro Zabriskie)
- História de Goiás no Picadeiro (Circo Laheto)

Performances
- Nervos à Beira de um Ataque de Mulheres (Joeslaine de Oliveira Sousa)
- Drummonzinho (Cia. Novo Ato)
- A Dama da Noite (Cia. Sala 3)

Formado pelo diretor de teatro e professor Sandro di Lima, a produtora cultural Fernanda Fernandes e a jornalista Valbene Bezerra, o júri de seleção levou em conta a qualidade das montagens, a dramaturgia, o trabalho de pesquisa e a consistência da produção.

domingo, 25 de outubro de 2009

INDECÊNCIA - CIA.BENEDITA DE TEATRO


Os atores Adriana Veloso e Thiago Benetti, da Cia. Benedita de Teatro, reapresentaram o espetáculo Indecência, na programação do Festival Goiânia em Cena, em sessão única no Teatro Goiânia Ouro. Eu ainda não vira a produção, dirigida por Hugo Rodas, que estreou em setembro, e confesso minha decepção. Esperava uma produção ousada, recheada de “indecências”. Não foi o que vi no palco.

Livre adaptação da obra O Amante, de Harold Pinter, e Fragmentos de um Discurso Amoroso, de Roland Barthes, a montagem, que se propõe discutir o relacionamento amoroso, não desencadeia o debate. Adriana e Tiago não conseguem manter o embate que as relações amorosas costumam gerar, sobretudo com os casais vivem muito tempo juntos ou padecem com o desgaste natural da vida a dois. Não há entrega na relação do casal que quer manter acesa a chama da relação dos amantes. O jogo de sedução e erotismo é fraco . Adriana não consegue imprimir sensualidade à mulher que quer movimentar a relação para agradar o parceiro. Tiago tampouco convence como amante sedutor.

A razão principal da peça é o jogo do amor, das fantasias sexuais e de como elas permeiam as relações amorosas. Pretende gerar questionamentos, debater as sagradas crenças da fidelidade, das relações sem limites e regras definidas. Infelizmente o texto é pouco original, não reflete a proposta e os atores estão inadequados em seus papéis. Salvo pela trilha sonora da DJ Simone Junqueira e o figurino caprichado da estilista Letycia Rossi, o resultado de Indecência é morno e pouco convincente.


Espetáculo: Indecência
Texto: Harold Pinter e Roland Barthes
Adaptação e direção: Hugo Rodas
Elenco: Adriana Veloso e Tiago Benetti
Foto: Layza Vasconcelos

DANÇA NO GOIÂNIA EM CENA 2009


A dança também fez parte da programação do 8º Festival Goiânia em Cena. Três espetáculos despertaram o interesse do público: Para Acordar os Homens e Adormecer as Crianças, da Cia. Ballet de Londrina (PR), Perfume para Argamassa, com os bailarinos Kleber Damaso e Viviane Domingues, e a Cia. Quasar Jovem.

Pela primeira vez em Goiânia, a Cia. Ballet de Londrina (PR) conquistou a atenção da plateia assim que entrou no palco do Teatro Madre Esperança Garrido do Colégio Santo Agostinho, com a coreografia Para Acordar Os Homens e Adormecer as Crianças, de Leonardo Ramos.

Dinâmico e original, o espetáculo envolve o espectador no rito de passagem da infância para a maturidade. A produção proporciona ao bailarino mostrar todo o seu potencial em apresentações conjuntas, duos e solos. Muito bem preparado, o grupo dá um show de técnica corporal dentro de um cenário repleto de luzes e em cenas que muitas vezes remetem a cenas do cotidiano e ao universo infantil.

Perfume para Argamassa

Ex-bailarino da Quasar Cia. de Dança, o bailarino Kleber Damaso é um pesquisador talentoso e muito criativo. A eles não interessam os espetáculos certinhos, convencionais. Premiado em importantes festivais e concursos, ele surpreende com Perfume para Argamassa, que apresentou na área externa do Centro Cultural Martim Cererê, na companhia da bailarina Viviane Domingues. Usou recursos tecnológicos (vídeo,audiovisual e projeção), artes plásticas e movimentos corporais para falar de natureza, de animais e plantas com muita poesia.

Convidados por Viviane e Kleber, o espectador vai mergulhando na viagem poética do espetáculo, entra na paisagem urbana, sente o aroma das folhagens, ouve o canto dos pássaros e o coaxar dos sapos. Assiste a conversa entre árvores, feita por meio de projeções de vídeo. Eles dançam, ocupam os espaços com descontração, sugerem movimentos. Proposta interessante, diferente, Perfume para Argamassa instiga os sentidos e o pensamento.

Revelação da dança, a Quasar Jovem ocupou o palco do Teatro Goiânia Ouro com os seus Primeiros Movimentos, uma coletânea de coreografias elaboradas pelos intérpretes-criadores da Quasar Cia. de Dança. Seguindo o mesmo padrão de qualidade da companhia-mãe, os jovens bailarinos dançam com a técnica que consagrou a companhia de Henrique Rodovalho e Vera Bicalho, fundada há 22 anos.
Alegando motivos administrativos do Sesi Minas, a Cia. de Dança Sesiminas cancelou de última hora a apresentação que faria no Goiânia em Cena das coreografias Dom Quixote e Painas de Outono. Deselegante e antiprofissional, a atitude da companhia mineira causou transtorno à produção do festival, que ainda não tinha passado por este tipo de problema.

AS TRÊS IRMÃS - TRAÇO CIA. DE TEATRO (SC)


Adaptação do clássico homônimo de Anton Tchecov, As Três Irmãs, da Traço Cia. de Teatro, de Santa Catarina, foi um dos espetáculos mais instigantes apresentados no Festival de Artes Cênicas Goiânia em Cena. A leitura da obra feita por Marianne Consentino, a partir da figura do clown, emociona não só pela montagem simples, leve e divertida. Mas também pela interpretação das atrizes Débora de Matos (Olga), Greice Miotello (Maria) e Paula Bittencourt (Irina).

Convincentes nos seus papéis, elas envolvem a plateia no espetáculo com espontaneidade, deixando o espectador à vontade ao serem convidados a participar de algumas cenas. Cada uma delas tem uma deformidades corporal, recurso usado pela direção para ressaltar os pontos fracos das personagens.

Filhas de um general, que deixa a capital (a fictícia Winston na adaptação de Marianne), para comandar tropas em outra cidade, Olga, Maria e Irina sonham em retornar a Winston (no livro as irmãs querem voltar para Moscou). Quando o pai morre, elas acham que é chegado o momento de retornar à terra natal. Infelizmente, nada sai como esperam. E esse tão sonhado dia nunca chega.

Solidão, desamparo, sonhos adiados e desfeitos são sentimentos expostos na peça. Marianne optou pela simplicidade para montar a obra do autor russo, que originalmente tem diversos personagens. A música tocada ao vivo por Vive Luna, Cassiano Vedana e Gabriel Junqueira enriquece a narrativa, e dá o tom a cada cena.

Espetáculo: As Três Irmãs (SC)
Autor: Anton Tchecov
Adaptação e direção: Marianne Consentino
Elenco: Débora de Matos, Greice Miotello e Paula Bittencourt

sábado, 24 de outubro de 2009

VOCÊ - GRUPO LUME (SP)


Atriz experiente do Grupo Lume, Ana Cristina Colla mergulha nas suaspróprias memórias no espetáculo-solo Você, que apresentou no Teatro PUC Goiás, dentro da programação do Festival Goiânia em Cena. A atriz mexe e remexe no baú de lembranças da família a partir da história da avó. Páginas do diário pessoal vão se descortinando no palco em grandes painéis. A narrativa vai sendo tecida a partir de movimentos corporais e faciais, que começam como um exercício e pouco a pouco vão ganhando agilidade e fluidez.

Adepta da técnica da cultura oriental Ja (lento), Ha (rápido) e Kyu (muito rápido), que exige muita concentração e preparo físico, Ana Cristina mostrou toda a sua capacidade de interpretação corporal. Para isso, contou com a orientação do japonês Tadashi Endo, que em Goiânia supervisionou o grupo Teatro Ritual no espetáculo Travessia 2 – De Longe Venho Vindo.

Com um ótimo preparo físico, a atriz inverte cronologicamente o tempo. Parte da velhice para a infância em movimentos lentos, depois rápidos e em seguida mais rápidos, como a força da passagem do tempo . Dispensa o texto para falar com o corpo, transformando-se numa velha com as limitações e os trejeitos próprios da idade. Corajosa, fica inteiramente nua no papel de uma vedete sensual, dança, circula pelo palco. De repente é uma menina espevitada, cheia de graça com seu uniforme escolar.

Ana Cristina Colla mostra no palco todas as possibilidades do corpo, fazendo de Você um trabalho muito bom de ser ver.

Espetáculo: Você
Direção e coreografia: Tadashi Endo
Elenco: Ana Cristina Colla – Grupo Lume (SP)
Foto: Layza Vasconcelos

terça-feira, 20 de outubro de 2009

GOIÂNIA EM CENA 2009 - PRIMEIROS DIAS


Três bons espetáculos marcaram a abertura da oitava edição do Festival Internacional de Artes Cênicas Goiânia em Cena: O Circo, a Luneta e oPlaneta, da trupe Sapequinha e Txuu Looso - Raio de Sol e Till, a Sagade um Herói Torto. Todos foram apresentados ao ar livre e levou um público considerável ao Parque Vaca Brava, no sábado pela manhã e à noite.


Foi uma abertura em grande estilo, não só pelas duas atrações deGoiânia, como pela presença mais uma vez do prestigiado Grupo Galpão,de Belo Horizonte. Crianças e adultos se divertiram com a história dospalhaços Boca Aberta e Espoleta que desafiam Sapequinha a salvar o planeta Terra da destruição com suas habilidadesde magia e ilusionismo.


A lenda dos índios carajá, na bem adaptada produção para o teatro de bonecos do GrupoArte & Fogo, de Delgado Filho, foi outro momento importante do festival, organizado pela Secretaria Municipal de Cultura.


O ponto alto do programa foi mesmo o Grupo Galpão (foto), que trouxe aGoiânia sua mais recente produção. Till, a Saga do Herói Torto, de Luís Alberto de Abreu, é diversão de qualidade. Atores experientes como Inês Peixoto (Till), Chico Pelúcio, Teuda Bara, Eduardo Moreira,Lydia Del Picchia, Arildo de Barros, Beto franco, Simone Ordones dão um show de interpretação e competência ao contar a história de Till, o anti-herói da Idade Média, enganador nato, capaz de se safar das artimanhas que apronta. Inês está hilária no papel de Till, assim como Chico Pelúcio como o Demônio. No formato popular, feito especialmente para a rua, o espetáculo é ágil, envolvente e muito divertido. Dá prazer assisti-lo.

Derrapada
Enquanto a turma do Circo Laheto brilhou em cena no Circo Laheto com a História de Goiás no Picadeiro (apesar do atraso por causa do horáriode verão), a carioca Esther Weitzman Cia. de Dança derrapou no palco doTeatro Goiânia Ouro, com a coreografia O Que Imagino Sobre a Morte. Os bailarinos até se esforçam para responder as questões referentes a finitude da vida. Mas, o espectador ainda está sem uma resposta convincente. Monótono, sem beleza plástica, o espetáculo não decola em momento algum.

Inferno de Dante
Única atração internacional do Goiânia em Cena, o italiano Matteo Belli brilhou no palco do Teatro da PUC Goiás, com a criação cênica do Inferno de Dante. O ator incorpora diversos personagens usando o corpo, a face e a voz. No prólogo de cada cena, ele resume os versos do clássico de Dante Alighieri sobre o inferno a fim de que o espectador, mesmo aquele não conhece o texto, compreenda a história.

Como num passe de mágica, Matteo Belli se transforma nos personagens que descem ao inferno. Sozinho no palco, sem cenário, adereços e efeitos de iluminação, o artista domina toda a cena com uma habilidade impressionante. Inferno de Dante é um excepcional exercício vocal, facial e corporal, feito por um ator carismático e muito envolvente. Formado em Letras na Universidade de Bolonha Itália), Matteo fala com o corpo inteiro. A falta de legenda em português (ele interpreta os versos na língua original do autor, o italiano, e o prólogo em espanhol) não impede que o espectador se envolva na interpretação impecável do artista.


Foto: Grupo Galpão/ Layza Vasconcelos

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

BALANÇO - SOLO COM BRUNO PEIXOTO


Balanço, o novo espetáculo do ator Bruno Peixoto, que estreou no dia 15, no Centro Cultural Martim Cererê, foi uma grata surpresa. Ele fez apenas duas apresentações. Mas, promete voltar para uma temporada maior.

Bruno teve a chance de mostrar todo o seu potencial de interpretação no espetáculo-solo, escrito por Danilo Alencar, diretor do grupo Arte & Fatos, com quem trabalha no premiado Balada de um Palhaço. O texto, segundo o autor, é baseado em fatos reais.

A direção foi entregue a Edson de Oliveira, seu companheiro de palco em Balada de um Palhaço. Para orientá-los, Bruno convidou o mestre Júlio Van, que além de supervisionar a direção desenhou o figurino.

Ator experiente, Bruno Peixoto está muito bem no papel de Gentil, o personagem que vive os conflitos inerentes à sua opção sexual. Seguro na interpretação, ele dá a exata dimensão que o personagem exige. O ambiente intimista facilita o envolvimento da plateia com a encenação, que fala do amor entre iguais sem hipocrisia e sem grosseria. Em nenhum momento, o personagem perde a compostura. Danilo é muito sincero a falar da experiência que ainda causa polêmica e incômodo dentro das famílias, no trabalho, na vida das pessoas. Em alguns momentos chega a ser poético sem derrapar na pieguice.

Bruno Peixoto esmerou-se nos cuidados da encenação, absorveu o personagem por inteiro. Apresenta boa expressão corporal, movimentando-se no cenário,criado por Paulinho Pessoa, com desenvoltura. A iluminação feita por Rodrigo Horse ressalta muito bem o tom intimista da produção. Deve sim voltar ao palco outras vezes. É importante continuar a exercitar o personagem para solidificar melhor o personagem. O exercício teatral é imprescindível para o ator.

Espetáculo: Balanço
Texto: Danilo Alencar
Elenco: Bruno Peixoto
Direção: Edson de Oliveira
Consultoria, adereços e figurino: Júlio Van
Produção: Cárita Pinheiro
Iluminação: Rodrigo Horse
Cenário: Paulinho Pessoa
Trilha sonora: Vitor Pimenta
Fotos: Dirce Vieira

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

MACÁRIO - CIA.TEATRAL OOPS !!!


Quinta-feira fui ver Mácario, o novo espetáculo da Cia. Teatral Oops!!!, do diretor João Bosco Amaral. Último texto do romântico Álvares de Azevedo e considerada sua obra-prima, a peça ganhou uma leitura interessante, salvo algumas cenas que poderiam ser suprimidas sem afetar o resultado final, a começar pelo ator que fica no meio da plateia gritando palavras desconexas.


João Bosco cuidou de cada detalhe da produção, inseriu trilha sonora tocada ao vivo pelo baixista Lino Calaça, esmerou-se na iluminação e no cenário para contar a história de Macário, o jovem poeta que em sonho trava um embate com um desconhecido, que logo se fica sabendo tratar-se de Satã.


Infelizmente o elenco derrapa na interpretação, convencendo muito pouco nos seus papéis. Olliver Mariano, o Macário da peça, grita muito em cena, sua a camisa desesperadamente, se debate. Há momentos em que é impossível entender o que ele diz. Sol Silveira está contida demais como Satã, o desconhecido que atazana a noite de pesadelos de Macário na taverna, onde Macário passa a noite. Thamis Rates não convence nem um pouco como a mulher da taverna e Renato Roriz muito menos como o autor.


Macário, que segundo o diretor é o Fausto brasileiro, ainda precisa de retoques e amadurecimento para chegar ao ponto ideal e conquistar o espectador. Mas, vale o esforço do grupo, que tem feito bons trabalhos sob o comando de João Bosco Amaral.


Foto: Gilson P.Borges

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

HOMENAGEADOS DO GOIÂNIA EM CENA 2009



Seguindo a tradição, o Festival Goiânia em Cena destacou três personalidades, que contribuem para a difusão, produção e desenvolvimento das artes cênicas. Este ano foram contemplados com o Troféu Goiânia em Cena 2009 o diretor teatral Hugo Rodas, uruguaio radicado no Brasil há mais de 30 anos, o diretor-regional do Sesc Goiás, Giuglio Settimi Cysneiros e o ator Sérgio Mamberti, presidente da Funarte (foto) .


Hugo tem fortes ligações com o teatro em Goiás, tendo assinado diversas produções. As mais recentes Boi e Indecência estarão em cartaz durante o evento. O diretor do Sesc Goiás, Giuglio Settimi Cysneiros e o presidente da Funarte, ator Sérgio Mamberti, também receberam seus troféus pelo apoio fundamental para a concretização do evento em Goiânia.


FESTIVAL GOIÂNIA EM CENA 2009




V




Café da manhã organizado pela Secretaria Municipal de Cultura no dia 30 de setembro, para lançar a programação do Festival Goiânia contou com a presença de representantes dos mais importantes grupos de teatro de Goiânia, atores, produtores, técnicos, professores e pessoas interessadas em artes cênicas. Entre os ilustres convidados , realizado no Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, estavam o prefeito Iris Rezende, o artista plástico Reinaldo Rodrigues, os jornalistas Rute Guedes, Nádia Timm e Rodrigo Czepak, o ator Guido Campos Correa e o diretor Hugo Rodas.
Festival Internacional de Artes Cênicas Goiânia em Cena – Tradição & Contemporaneidade vai agitar a cena cultural de Goiânia de 17 a 27 de outubro, coincidindo como sempre com o aniversário da cidade. Realizado pela Secretaria Municipal de Cultura, em parceria com a Universidade Federal de Goiás, o festival terá uma extensa programação, sob a coordenação geral da professora Glacy Antunes.

A novidade deste ano será a apresentação da Ópera Gala - Cena Lírica, com a Orquestra e o Coro Sinfônicos de Goiânia, sob a regência do maestro paranaense Norton Morozowicz. Os solos serão a mezzo soprano Adriana Clis e o tenor Rubens Medina. Esta será a primeira vez que o festival terá uma ópera no seu programa, que desde sua criação em 2001, contempla o teatro, a dança e o circo.

Durante 10 dias, serão apresentados 27 espetáculos (teatro, dança, circo e música) no Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, Centro Cultural Martim Cererê, Teatro Madre Esperança Garrido (Colégio Santo Agostinho), Teatro da PUC Goiás (antigo UCG), Casa das Artes e Circo Laheto. Os espetáculos ao ar livre serão exibidos nas Praças Universitária e do Sol, Parques Vaca Brava, Flamboyant e Bosque dos Buritis.

Entre as dezenas de atrações estão o Grupo Galpão (BH), que fará a abertura oficial do festival com sua nova produção Till, a Saga de um Herói Torto, na Praça Universitárias, às 19 horas. Em edições anteriores, o grupo mineiro também veio a Goiânia com espetáculos de alto nível. No programa estão também o Grupo Lume (SP), a Esther Weitzman Cia. de Dança (RJ), o Ballet de Londrina (PR), Traço Cia. de Teatro (SC), Circo Mínimo e Cia. de Teatro Os Satyros (SP), e a Cia. de Dança Sesiminas (MG).

O ator italiano MatteoBelli é o convidado internacional do evento com a peça Inferno de Dante. Além do espetáculo, ele vai participar de debate com atores goianos. Nove oficinas e três seminários serão oferecidos durante o festival. Os cursos serão ministrados pelos pesquisadores Alexandre Nunes e Anselmo Pessoa, o francês Enrique Pardo e o diretor Hugo Rodas, que dirige dois espetáculos do programa: Boi, com o ator Guido Campos Correa e Indecência, com Adriana Veloso e Tiago Benetti.

Diversas produções de Goiânia integram a programação do Goiânia em Cena. Entre eles estão Sapequinha Trupe Show, o Grupo Arte & Fogo, Circo Laheto, Teatro Ritual, Quasar Jovem, Cia.Nu Escuro e a Anthropos Cia. de Arte.

O programa completo encontra-se no site http://www.goianiaemcena.com.br/. Informações pelo telefone: (62) 3524-1753.

UMA GOIANA NO CIRQUE DU SOLEIL


Os números do Cirque du Soileil são grandes. Fundado no Canadá há 25 anos, o circo trouxe 50 artistas de 15 nacionalidades para o Brasil. Entre os acrobatas, malabaristas, ginastas, palhaços, atores, músicos, cantores e dançarinos está a goiana Gracilene Oliveira de Moura (foto). Ela é uma dos quatro brasileiros que integram a trupe canadense em viagem ao Brasil.

Ex-ginasta olímpica da Fundação de Esportes de Goiás, Gracilene integrou o circo do ator Marcos Frota, no Rio de Janeiro, antes de estrear no Cirque du Soleil há quatro anos. Em Quidam, ela faz o papel de um coelho cheio de energia amigo da menina e acrobacias na corda, junto com o marido, o alemão Tony Mevius, que conheceu no próprio circo. “Ficamos noivos nas Muralhas da China”, conta. Aos 35 anos, tipo mignon, Gracilene apresenta uma performance impecável nas cordas, sua especialidade.

Ela conta que a oportunidade no Cirque surgiu ao ser selecionada por meio de vídeo que enviou para a direção em Montreal, no Canadá. “É a realização de um sonho. O Soleil é o ápice da carreira de qualquer artista de circo. Ele oferece a magia que o artista quer, valoriza o que há de melhor”, argumenta a atriz. Segundo ela, diferentemente do que se pensa, os ensaios não são tão puxados. “Ensaiamos duas vezes na semana. Como já temos treinamento suficiente, fazemos os treinos sozinhos. Depois nos reunimos para formar as coreografias”, conta. Gracilene já apresentou-se em praticamente toda a Europa, Estados Unidos, Canadá, Ásia e América do Sul.

Em sua primeira viagem ao Brasil com o Cirque du Soileil, Gracilene aproveita para rever os parentes que moram no Jardim Goiás. Na sexta-feira, 45 pessoas de sua família assistiriam ao espetáculo em Brasília. “Estou aproveitando o máximo para revê-los. Como tenho folga na segunda-feira, vou nesses dias para Goiânia”, salienta. Gracilene ainda ficará um bom tempo no Brasil. Brasília é a terceira cidade a receber a trupe do Soleil, que ainda fará temporadas em Belo Horizonte, Pinhais/Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, totalizando 330 apresentações no País, para um público estimado em 800 mil pessoas.