quarta-feira, 29 de julho de 2009

Andanças de Quixote

Desde a estreia em 2006, o espetáculo Das Saborosas Aventuras de DomQuixote de La Mancha e Seu Escudeiro Sancho Pança foi apresentado em temporadas e festivais de Norte a Sul do País. Recentemente noFestival Internacional de Teatro de Rio Preto (SP), a produção do Teatro Que Roda, dos atores Dionísio Bombinha e Liz Eliodoraz ganhou a simpatia do público e bem merecidos elogios da crítica.

Inspirado no clássico Dom Quixote de La Mancha, de Miguel deCervantes, o espetáculo foi considerado uma grata surpresa pelo jornalista da Folha de S.Paulo, Lucas Neves. A montagem inovadora do catarinense André Carreira oferece a Dionísio Bombinha e Liz Eliodoraz a oportunidade de mostrarem que têm talento de sobra para desempenhar qualquer tipo de papel. Bombinha vive um executivo cansado da rotina estafante do escritório. Ele sai em busca de aventuras como faz o Quixote da obra de Cervantes. Seu fiel escudeiro Sancho Pança, vivido por Liz Eliodoraz é um cantador de papel que vive na rua.

Um dos pontos altos da montagem é quando Bombinha desce de rapel de um de edifício e sai pela rua à procura de sua Dulcinéia. Em Goiânia, o ator escalou o Ed. Parthenon Center, na Rua 7 (Centro) e o prédio da Justiça Federal, na Rua 20, demonstrando bom preparo físico e coragem impressionante. Como um típico catador de papel, barrigudo e feio, Liz puxa uma carroça enquanto acompanha o seu Quixote. Toda a trama se desenrola na rua. Dulcinéia aparece em cena vestida de noiva como uma alucinação. Em todas as cidades por onde passou, o Teatro Que Roda convidou 15 atrizes para viver a personagem. Dulcinéia surge como uma miragem no imaginário de Quixote.

Dirigido pelo catarinense André Carreira, o Teatro Que Roda investe em novas possibilidades cênicas especiais para rua, proporcionando ao público a chance de acompanhar de perto a cena, e fazer parte do espetáculo. Traduziu em linguagem acessível a história escrita há séculos, mas que continua a emocionar leitores no mundo todo. Trata-se, segundo Carreira do “teatro invasor”, que tem como proposta a instalação de uma desordem na cidade, redefinindo seu espaço urbano.

A montagem de Dom Quixote só foi possível graças ao Prêmio MirianMuniz da Funarte/Ministério da Cultura. Orçado em R$ 64 mil, o projeto tem dado muitas alegrias ao grupo, que nos últimos dois anos integrou a grade de programação dos Festivais de Teatro de Angra dos Reis, Blumenau, São José dos Campos, João Pessoa, Uberlândia, Aracaju e do Palco Giratório do Sesc SãoPaulo. No Festival de Florianópolis, Das Saborosas Aventuras de Dom Quixote ganhou os prêmios de melhor direção (André Carreira), espetáculo, atriz (Liz Eliodoraz) e ator (Dionísio Bombinha). Em Blumenau, foi contemplado com a menção honrosa de melhor espetáculo. Na Mostra de Teatro do Cariri e no Festival de Teatro de Fortaleza (Ceará) foi considerado um dos melhores trabalhos em cena.

Para Bombinha, todo artista tem um pouco de Quixote. “Vivemos o sonho para não sermos engolidos pela dura realidade da vida. Enfrentamos dignamente os dragões que são as dificuldades de se fazer arte. Assim como Dom Quixote, não desistimos nunca”, assegura. Como Quixote, o Teatro QueRoda ainda deve andar um bocado com seu ótimo espetáculo.

Crédito da foto: O Popular

sábado, 25 de julho de 2009

BOI

Texto: Miguel Jorge
Direção: Hugo Rodas
Elenco: Guido Campos Correa

A estreia do espetáculo Boi, ocorrida no dia 17 de julho, no Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, surpreendeu não só pelo público numeroso, mas pela qualidade da produção, muito bem dirigida por Hugo Rodas. Diretor de montagens marcantes como Memória Roubada, inspirado na obra da artista plástica Ana Maria Pacheco, O Olho da Fechadura, coletânea de textos de Nelson Rodrigues, e Édipo, baseado na obra de Sófocles, Hugo Rodas mostrou mais uma vez por que é considerado um dos mais ousados e criativos diretores da cena teatral em atuação.

Muito bem elaborada, a produção arrebata desde o início, a começar pela irreverente recepção ao som da música Ymca, do grupo Village People. A irônica brincadeira quebra o clima, e sinaliza o que vem a seguir. Vestindo a máscara do boi Dourado, criada por Edith e Marcos Lotufo, o ator distribui bandeirolas, que depois serão usadas no momento de interação com a plateia.

Com uma preparação física invejável e uma dramaticidade intensa, Guido se alterna no palco entre os personagens de Zé Argemiro, do boi Dourado, da mãe, de duas pretendentes e de Das Dores, sua mulher. Traz na mão apenas um saco preto, de onde retira os objetos cênicos que vão identificar os tipos que interpreta: dois panos (um vermelho e outro preto), um punhal e duas cabeças de boi.

Como se estivesse numa arena, o ator ocupa toda a cena. Se transforma no doce Argemiro, de repente já é a velha mãe ou a ciumenta Das Dores. Em outra é o boi Dourado. Criado pelo próprio Hugo Rodas, o cenário despojado tem ao fundo placas de alumínio. Sob o efeito da iluminação vão refletindo os movimentos do animal como se ele corresse pelo pasto.

Na adaptação da obra de Miguel Jorge, escrita especialmente para o ator Guido Campos Correa, Hugo Rodas fugiu do convencional regionalismo rural. O resultado é um espetáculo refinado, contemporâneo, com todos os elementos da tragédia, desencadeada pelo ciúme e pela mágoa. Fundamental em toda a trama, o boi tem grandes momentos no desenrolar na história. Chega a ter uma humanidade emocionante. Tanto que no texto original, o animal fala com seu dono.

Hugo Rodas preferiu suprimir os diálogos, enfatizando o clima de tragédia. Homem de personalidade simples, afeiçoado ao boi, Zé Argemiro transforma-o em amigo, companheiro, confidente. Para o animal, canaliza todo o seu afeto, deixando Das Dores totalmente transtornada.

A rejeição do marido acaba desencadeando um turbilhão de sentimentos. Extremamente ciumenta e passional, a mulher só vê uma saída para conquistar a atenção do marido indiferente: matar o boi. Infelizmente neste aspecto a cena não teve a dramaticidade e o impacto que a tragédia exige, o que não compromete o restante do espetáculo.

Para encarar os diversos papéis no palco, Guido preparou-se durante quatro meses. Cercou-se de profissionais experientes como o DJ Victor Pimenta, autor da trilha sonora original. O esforço valeu. Assim como se destacara há 14 anos ao viver os personagens do conto A Terceira Margem do Rio, de Guimarães Rosa, Guido vive outro momento importante de sua carreira. Envolvente, arrebatador, Boi entra para a lista dos bons espetáculos do teatro produzido em Goiânia.

Crédito da foto: Layza Vasconcelos

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Georgiana Góes (Ofélia) e Wagner Moura (Hamlet) em Hamlet


HAMLET

Autor: William Shakespeare
Direção: Aderbal Freire-Filho
Elenco: Wagner Moura, Tonico Pereira, Carla Ribas, Georgiana Góes, Caio Junqueira, Gillray Coutinho e outros

Ansiosamente aguardado, sobretudo pela presença do ator Wagner Moura, o espetáculo Hamlet levou milhares de pessoas ao Teatro Rio Vermelho, nos dias 4 e 5 de julho. Infelizmente, a produção não empolgou a imensa platéia. Longa, prolixa, dramática, a peça exige muitos dos atores, e alguns deles deixam muito a desejar no quesito interpretação.
Wagner Moura grita demais e em determinados momentos tropeça nas falas tornando quase impossível a plateia entender os diálogos. Há interpretações caricatas como a de Tonico Pereira, que não consegue convencer como o Rei Cláudio, tio de Hamlet e o usurpador do trono da Dinamarca. Gillray Coutinho exagera nos trejeitos corporais como Polônio, pai de Laertes, melhor amigo de Hamlet, o herdeiro de fato do reino da Dinamarca. Montagem contemporânea do clássico inglês, dirigida por Aderbal Freire-Filho, Hamlet vale pelo esforço da produção, mas derrapa nas interpretações pouco convincentes.


MONTSERRAT

Cantora espanhola das Ilhas Canárias

A plateia foi pequena, mas a falta dela não atrapalhou o show da cantora Montserrat no Teatro Rio Vermelho, no dia 9 de julho. Intérprete de canções hispanoamericanas, ela selecionou muito bem o seu repertório inserindo música brasileira, argentina, chilena, espanhola com arranjos impecáveis do brasileiro Roberto Menescal. O início morno à base de bossa nova ganhou um ritmo mais agradável quando Montserrat cantou clássicos do bolero, tango e canções memoráveis como Guantanamera, Gracias a La Vida, Manhã de Carnaval e muitas outras com sua voz afinada e muito bem trabalhada. Ótimo espetáculo.

André Gonçalves e Freddy Ribeiro em Dois Perdidos Numa Noite Suja - foto de Lázaro Botelho


DOIS PERDIDOS NUMA NOITE SUJA

Autor: Plínio Marcos
Direção: Sílvio Guindane
Elenco: André Gonçalves e Freddy Ribeiro

Escrita por Plínio Marcos em 1966, a peça Dois Perdidos Numa Noite foi levada ao palco diversas e chegou às telas do cinema. Pela universalidade do texto, a história de Paco e Tonho foi encenada na França, na Alemanha, em Cuba.
Uma das obras mais importantes de Plínio Marcos, Dois Perdidos Numa Noite Suja ganhou nova produção com os atores André Gonçalves e Freddy Ribeiro, dirigida por Sílvio Guindane. Em junho, a peça esteve em cartaz no Teatro Rio Vermelho em sessão única.
Originalmente, a trama se passa dentro do quarto de uma pousada de quinta categoria. Mas, mesmo com o esforço dos dois atores a encenação acabou perdendo a qualidade no palco do imenso teatrão do Centro de Convenções.
André e Freddy vivem, respectivamente, Paco e Tonho, dois operários de um mercado. A relação dos dois é conflituosa e o embate é inevitável. Tonho lamenta o fato de não possuir um par de sapatos decente para conseguir um emprego melhor. Tem inveja de Paco, porque o colega de quarto possui os sapatos que ele tanto quer.
Marcados pelo preconceito e a violência, os dois homens explodem em ódio e rancor. O espetáculo chega ao ápice em forma de tragédia muito bem representada pelos dois atores.

100 SHAKESPEARE

Autor: Coletânea de Shakespeare
Direção: Beto Andretta
Elenco: Cia. Pia Fraus (SP)

Comandada por Beto Andretta, a Cia.Pia Fraus apresentou, em junho, no
Teatro da UCG o espetáculo 100 Shakespeare, uma coletânea de personagens de William Shakespeare, encenada por bonecos de todos os tamanhos. De peças consagradas como Hamlet, Macbeth, O Mercador deVeneza, Romeu e Julieta, Otelo, Sonho de Uma Noite de Verão e outras, foram extraídos fragmentos, e encenados com a técnica da manipulação direta, efeitos de iluminação e luz negra. Os atores manipuladores arrebatam a plateia com sua técnica perfeita e sintonia de manipulação. Um ótimo espetáculo trazido a Goiânia pelo projeto Palco Giratório do Sesc São Paulo, mesmo para aqueles que não conhecem a obra de Shakespeare.

sábado, 18 de julho de 2009

Arlindo Lopes e Glória Menezes em Ensina-me a Viver - foto de Ronaldo Aguiar


ENSINA-ME A VIVER

Texto: Colin Higgins
Direção: João Falcão
Elenco: Glória Menezes, Arlindo Lopes, Stella Maria Rodrigues,Fernanda de Freitas e outros

Quatro peças de grande repercussão estiveram em cartaz em Goiânia recentemente. Considerada a melhor produção pela Associação dos Produtores Teatrais do Rio de janeiro (APTR), o espetáculo Ensina-me a Viver foi uma delas.
Dirigida por João Falcão, a produção é muito bem cuidada. Do figurino de Kika Lopes à iluminação de RenatoMachado, tudo é de muito bom gosto. Os efeitos cinematográficos e visuais dão um efeito mágico à encenação.
Aos 74 anos, 50 deles dedicados ao teatro e à TV, Glória Menezes está ótima no papel deMaude, a velhinha de quase 80 anos que cai de amores pelo rejeitado garoto Harold, vivido pelo ator e produtor Arlindo Lopes. Com muita doçura e competência, Glória conquista a platéia como a velhinha simpática e irresponsável. Há outras interpretações muito boas. Perdeu quem não viu a montagem.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Comentários de Gilson Borges, da Biblioteca da Casa das Artes, sempre sintonizado com a cena cultural

Olá Valbene,

"Gostei muito da matéria sobre Cici Pinheiro! Parece que ela escreveu peças teatrais também, não foi? Você tem os contatos da família dela?
Um grande abraço e obrigado!"
Gilson

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Olá Valbene,

"Só hoje tive tempo para conferir o seu blog. Parabéns! Demorei um pouco a encontrá-lo, pois o endereço que você me mandou não estava correto. Acho que ficaria melhor ainda com mais fotos (adoro fotos!). Concordo com você quanto à crítica de "Preciso Olhar". É, relamente, bastante ruim. Mas também não gostei do último espetáculo do Fayad. Achei chatíssimo!
Um grande abraço..."
Gilson

Ainda a Galhofa !!!!!!!!

Palavras carinhosas da turma da Galhofada agradecendo o comentário sobre o evento, publicado no POPULAR

"Oi, Valbene, em nome de todo pessoal da Galhofa, novamente agradecemos seu carinho e atenção ao trabalho realizado por essa turminha. Suas palavras, publicadas ontem no Magazine, e na divulgação do evento todo, renovam nossas energias pra organização da sétima edição".

Beijos,

Ana Paula Mota - Produção

Como gosto muito de palhaços não resisti a essa foto da trupe de Sapequinha, feita por Bernd Marold na 6ª Galhofada


Cortejo da 6ª Galhofada na Av. Henrique Silva, Setor Pedro Ludovico - foto de Bernd Marold