segunda-feira, 17 de agosto de 2015

EMOÇÃO DA LOUCURA


                                                                                          

Admirador da obra de Guimarães Rosa, o diretor Danilo Alencar incursiona pelo universo do escritor mineiro que melhor retratou o sertão pela segunda vez. Se anteriormente, ele ousou adaptar Grande Sertão: Veredas em Ser Tão Grande, dessa vez foi buscar nas Primeiras Estórias o enredo para Os Avessos, baseado no conto Sorôco, Sua Mãe, Sua Filha, a mais recente produção do Grupo Arte & Fatos, da Coordenação de Arte e Cultura da PUC Goiás.

O espetáculo, que estreou como um exercício teatral do grupo, ganhou dimensão maior na apresentação na Terça no Teatro SESI. Com uma boa interpretação de seus atores, Danilo conseguiu um resultado satisfatório com a nova montagem.
Narrada pelo padre do lugarejo, a história é muito triste.
Difícil não deixar a emoção aflorar com o drama vivido pelo sertanejo Sorôco, um viúvo pobre que vive com a mãe e uma filha loucas. Sem recursos para cuidar delas, é obrigado a embarcá-las no trem que as levará ao hospício em Barbacena (MG). Sorôco caminha arrastando as duas debaixo do sol inclemente do sertão, com resignação, sem lamentar a sorte.

Apesar dos poucos recursos de, Danilo Alencar foi capaz de fazer um espetáculo de qualidade. Lançou mão de objetos cênicos e alguns figurinos de Ser Tão Grande, criados pela figurinista Rosi Martins, mostrando que com esforço e dedicação pode-se construir algo novo. Tecidos toscos e sombrinhas bordados lembram peças de Arthur Bispo do Rosário. As máscaras usadas pelas mulheres revelam o sofrimento da loucura. Iluminação avermelhada  ressaltam a aridez de uma terra ingrata.

 Um espetáculo de Danilo Alencar nunca é o mesmo, por isso é sempre muito bom ver os seus trabalhos. A cada apresentação, ele insere alguma mudança. Investe em pequenos detalhes, arranca dos atores interpretações mais convincentes, e faz adequações no texto. Não foi diferente com Os Avessos, que vi na estreia. Quem poderia, senão Danilo Alencar, fazer o público acreditar no suave balanço do trem que parte deixando apenas a poeira atrás de si, e um emocionado Sorôco, sozinho na estação, carregando a sua dor.     



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