FALTOU
RITMO AOS ESPANTALHOS PENDU E CAMÍ
Admiro os grupos de teatro
de Goiás pela capacidade de criação, o profissionalismo e o esforço em fazer um bom trabalho, mesmo
enfrentando dificuldades. Muitos sobrevivem com parcos recursos, a maior parte captado pelas
leis de incentivo à cultura, da pequena bilheteria dos espetáculos e da boa
vontade de seus integrantes, verdadeiros guerreiros que se desdobram em
inúmeras atividades para se manter no palco.
Dois trabalhos realizados com
recursos das Leis Goyazes e Municipal de Incentivo à Cultura estiveram em
cartaz recentemente, e tive a oportunidade de assistir: Q.Q.ISS?! – As Aventuras de Pendu e Camí do
Outro Lado da Lua do Arco Íris, do Grupo de Teatro Sonhus Ritual e As Corvas,
da Cia. De Teatro Novo Ato.
Q.Q.ISS?! destaca-se pela ótima trilha sonora que mescla o rock do
grupo Pink Floyd à trilha sonora do filme O Mágico de Oz. Os atores Nando Rocha
e Pablo Angelino, Ilka Portela, Jô de Oliveira e Andrea Pita vivem uma aventura
no palco que mais parece um sonho. É como se flutuassem em devaneios e não num
mundo repleto de bichos. Eles contorcem, se espantam, encontram animais
pelo caminho num misto de coreografia, mímica e butô. Como se estivessem em
câmara lenta. Tudo bem feito,
caprichado. Mas, falta ação e dinamismo ao
espetáculo.
Nando e Pablo ainda estão ligados
ao butô, marca da série Travessia, seus três trabalhos anteriores. Enredo,
movimentos e música não se relacionam. Tudo parece muito solto, como se a
interpretação não dependesse da música e vice versa.
O Teatro Sonhus Ritual
cercou-se de profissionais experientes para fazer seu trabalho. Miquéias Paz
fez a direção, Marcos Lotufo e Marcos Marrom criaram os bonecos e Ana Maria
Mendonça confeccionou os figurinos. Rodrigo Assis assina a iluminação em
parceria com Nando Rocha. O material é
de primeira linha. O Teatro Ritual só esqueceu de uma coisa: incrementar a dramaturgia e dar movimento
adequado ao espetáculo no embalo do Pink Floyd e do Mágico de Oz.
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