quinta-feira, 12 de julho de 2012
TRAMA TECIDA COM EMOÇÃO
O trabalho da Cia. de Teatro Nu Escuro sempre esteve intimamente ligado à cultura popular. Desde as primeiras montagens, o grupo pinça do folclore, dos folguedos e dos personagens populares elementos para compor suas criações. Bonecos de diversos tamanhos aparecem em produções como O Cabra Que Matou as Cabras e Envelope, dois importantes trabalhos da companhia.
O grupo de Hélio Fróes, Lázaro Tuim, Abílio Carrascal, Izabela Nascente, Adriana Brito e Eliana Santos sempre se dá bem seguindo a linha popular de atuação. Plural, o novo espetáculo do grupo, que estreou no dia 5 de julho no Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, é exemplo disso. Os bonecos entraram novamente em ação. Confeccionados com muito esmero pela talentosa bonequeira Izabela Nascente, também diretora do espetáculo, os bonecos roubam a cena e ganham vida nas histórias singelas do texto elaborado coletivamente.
Plural narra a história de Maria, uma típica menina da zona rural, órfã de pai, criada por uma avó rigorosa. Analfabeta, seu sonho é estudar e morar na cidade grande. O sonho se concretiza quando a mãe decide se casar novamente. Infelizmente, o sonho de Maria está longe de ser realizado. Para sobreviver, vai trabalhar como empregada doméstica. Passa por muitas dificuldades, sofre assédio do patrão, mas consegue ir à escola. Mas, não desiste.
Maria é o retrato de muitas Mariass. Três delas são mães dos atores Abílio Carrascal, Izabela Nascente e Lázaro Tuim, cujas histórias inspiraram a dramaturgia de Hélio Fróes, Abílio e Izabela.
Abílio, Adriana e Eliana cantam, dançam, interpretam, envolvem a plateia na triste história de Maria. O cenário recria a casa da fazenda, o fogão de lenha, o chão batido da casa velha, o terreiro aonde a garotada podia brincar no meio das árvores e dos animais. As bonecas de crochê, quase em miniaturas, resgatam as antigas brincadeiras de casinha, que faziam a alegria das meninas pobres autoras de seus próprios brinquedos.
São tantos os detalhes da montagem que é impossível citar todos. Porém é preciso ressaltar a beleza dos crochês nos bastidores de bordado, aonde imagens criadas por Rô Cerqueira são projetadas, compondo o visual sertanejo, a beleza da iluminação de Rodrigo Assis e a trilha sonora de Hélio Fróes, Cristiane Perné e Abílio Carrascal.
Com um texto construído artesanalmente, assim como os objetos cênicos, Plural é um espetáculo singelo, poético, com pitadas de humor. Difícil não se emocionar com a história e a produção do espetáculo da Cia. de Teatro Nu Escuro.
Foto: Gilson P. Borges
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excelente texto digno do excelentíssimo espetáculo.
ResponderExcluirComo se estivesse brincando de boneca, a Cia de Teatro Nu Escuro emocionou e fez rir do começo ao fim. Sem dúvida, uma das melhores estreias de 2012.
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