quinta-feira, 28 de dezembro de 2017




  ANZÓIS NO AQUÁRIO
                     
                      
                                INTRIGA NOS BASTIDORES DO TEATRO

Alex Amaral e Jonatas Tavares


Dramaturgo com diversas peças encenadas e publicadas, Hugo Zorzetti é um dos nomes mais importantes da dramaturgia em Goiás e um dos melhores comediógrafos do País. Desde os anos 1960, atua como autor e diretor de suas peças, a maioria encenada pelo seu  Grupo de Teatro Exercício, fundado por ele em 1972.   Zorzetti comanda um coletivo veterano de atores,  que mantém acesa a chama do grupo. Quando não atuam, os artistas dirigem as peças do mestre, trabalham na técnica, confeccionam cenários.  Diretor da peça Anzóis no Aquário,  peça que encerra a trilogia iniciada com A Barricada,  escrita por Zorzetti, em 1980, Nilton Rodrigues é um dos fieis escudeiros do autor.

Anzóis no Aquário, que estreou  em outubro no Teatro Goiânia, foi escrita para ser encenada pelo próprio Zorzetti. Devido a problemas de saúde, o projeto do autor teve de ser modificado. Trata-se do embate de um crítico teatral em fim de carreira, prepotente e arrogante, vivido por Jonatas Tavares e um ator medíocre que só faz espetáculo infantil, papel entregue a Alex Amaral. Conflitos humanos e bastidores do teatro que Zorzetti tão bem conhece são expostos sem meias palavras. 

O ator sonha interpretar um personagem de Shakespeare e, dessa forma comprovar seu talento. O crítico, por sua vez, não poupa farpas às pretensões do artista, ressaltando as suas limitações.  O confronto entre os dois é duro. Enquanto o crítico tenta impor seu ponto de vista, o ator fica na defensiva o tempo todo, expondo suas fraquezas. A discussão entre os dois  deveria render grandes momentos. Infelizmente não é o que acontece. Alex Amaral não consegue acompanhar o alucinado crítico de Jonatas Tavares. Durante toda a encenação,   Jonatas domina a cena com sua forte presença cênica, ofuscando completamente o pretenso grande ator de Alex Amaral.  A direção de Nilton Rodrigues não consegue conter o  desequilíbrio entre os dois.
      
Anzóis no Aquário não é uma das melhores peças de Hugo Zorzetti, autor com senso de humor refinado e tiradas engraçadas. O texto é longo, excessivo. Tem muitas divagações e monólogos.  O espectador que não conhece as picuinhas que rolam nos bastidores do teatro e da imprensa não consegue acompanhar o desenrolar da trama.  Infelizmente, a crítica teatral hoje é raridade. Praticamente inexiste nos jornais e revistas brasileiras. Houve época de ser acirrada,  incomodar atores, diretores, produtores.  Uma das mais ferrenhas críticas do teatro brasileiro, a carioca Barbara Heliodora, do jornal O Globo, destroçava espetáculos e atuações. Colecionou desafetos. Com sua morte, a crítica ficou órfã.
     
Anzóis no Aquário, que já foi apresentada em Anápolis, deverá pegar a estrada em 2018 para apresentações em diversas cidades.  Ainda depende de patrocínio para fazer a turnê.    
        

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