ANZÓIS NO AQUÁRIO
INTRIGA NOS BASTIDORES DO TEATRO
Alex Amaral e Jonatas Tavares |
Dramaturgo
com diversas peças encenadas e publicadas, Hugo Zorzetti é um dos nomes mais
importantes da dramaturgia em Goiás e um dos melhores comediógrafos do País.
Desde os anos 1960, atua como autor e diretor de suas peças, a maioria encenada
pelo seu Grupo de Teatro Exercício,
fundado por ele em 1972. Zorzetti comanda
um coletivo veterano de atores, que mantém
acesa a chama do grupo. Quando não atuam, os artistas dirigem as peças do
mestre, trabalham na técnica, confeccionam cenários. Diretor da peça Anzóis no Aquário, peça que encerra a trilogia iniciada com A
Barricada, escrita por Zorzetti, em
1980, Nilton Rodrigues é um dos fieis escudeiros do autor.
Anzóis
no Aquário, que estreou em outubro no
Teatro Goiânia, foi escrita para ser encenada pelo próprio Zorzetti. Devido a
problemas de saúde, o projeto do autor teve de ser modificado. Trata-se do
embate de um crítico teatral em fim de carreira, prepotente e arrogante, vivido
por Jonatas Tavares e um ator medíocre que só faz espetáculo infantil, papel
entregue a Alex Amaral. Conflitos humanos e bastidores do teatro que Zorzetti
tão bem conhece são expostos sem meias palavras.
O ator
sonha interpretar um personagem de Shakespeare e, dessa forma comprovar seu
talento. O crítico, por sua vez, não poupa farpas às pretensões do artista,
ressaltando as suas limitações. O confronto
entre os dois é duro. Enquanto o crítico tenta impor seu ponto de vista, o ator
fica na defensiva o tempo todo, expondo suas fraquezas. A discussão entre os
dois deveria render grandes momentos.
Infelizmente não é o que acontece. Alex Amaral não consegue acompanhar o
alucinado crítico de Jonatas Tavares. Durante toda a encenação, Jonatas domina a cena com sua forte presença
cênica, ofuscando completamente o pretenso grande ator de Alex Amaral. A direção de Nilton Rodrigues não consegue
conter o desequilíbrio entre os dois.
Anzóis
no Aquário não é uma das melhores peças de Hugo Zorzetti, autor com senso de
humor refinado e tiradas engraçadas. O texto é longo, excessivo. Tem muitas
divagações e monólogos. O espectador que
não conhece as picuinhas que rolam nos bastidores do teatro e da imprensa não
consegue acompanhar o desenrolar da trama.
Infelizmente, a crítica teatral hoje é raridade. Praticamente inexiste
nos jornais e revistas brasileiras. Houve época de ser acirrada, incomodar atores, diretores, produtores. Uma das mais ferrenhas críticas do teatro
brasileiro, a carioca Barbara Heliodora, do jornal O Globo, destroçava
espetáculos e atuações. Colecionou desafetos. Com sua morte, a crítica ficou
órfã.
Anzóis
no Aquário, que já foi apresentada em Anápolis, deverá pegar a estrada em 2018
para apresentações em diversas cidades. Ainda
depende de patrocínio para fazer a turnê.
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