EXCESSOS
E ESTERIÓTIPOS NA NOVA PEÇA DA CIA.NU ESCURO
Eliana Santos, Liomar Veloso e Adriana Brito em Pitoresca |
Na medida do possível, tenho
acompanhado a cena teatral. Espetáculos inéditos sempre chamam mais atenção. Das
produções goianas que vi ultimamente está Pitoresca, estreia da Cia. Nu Escuro, que tem patrocínio da
Petrobras. O grupo promete retornar ao palco em Goiânia, e depois pegar a
estrada.
Com dramaturgia e direção de
Hélio Fróes, Pitoresca baseia-se na
história do Brasil contada pelos viajantes e aventureiros nos seus primeiros
tempos de Colônia. O foco principal gira em torno de uma velha índia da terra
Goyá. O projeto demorou três anos três anos para ficar pronto, após oficinas, longas horas de estudos e pesquisas,
e meses de ensaios. Inspirado na dinâmica das produções do Grupo
Galpão (BH), os atores cantam, dançam.
O texto faz referências ao
canibalismo, a antropofagia, a miscigenação, a personagens históricos como o
bandeirante Anhanguera, que prometeu por fogo nos rios caso os índios não
contassem aonde tinha ouro. Há também muitos esteriótipos e exageros na narrativa, e elementos cênicos de montão.
Equivocado e irônico, o figurino de Rita Alves vestiu coloca em cena índios vestidos
com roupas de ginástica da marca Adidas, tênis de marca, óculos tipo Rai Ban. Tem até um Papai Noel na encenação.
Pitoresca quer ser engraçado, debochar das
nossas mazelas históricas, que não bastam ser tão
escrachadas nos livros, no cinema e na TV. Pitoresca também exagera
na dose. Os atores Adriana Brito, Lázaro Tuim, Izabela Nascente, Eliana Santos e
Liomar Veloso se esforçam, tentam ser engraçados. Só Tuim consegue arrancar
algum riso com seus trejeitos de índio fora dos padrões.
Patrocinada pela Petrobras, a
companhia investiu na ficha técnica. Chamou Duda Paiva, ator goiano que vive na
Holanda, para criar a boneca da velha índia. Marcos Lotufo criou as máscaras de
animais do cerrado que os desfilam no palco encerrando o espetáculo, na trilha
sonora original e projeções (dispensáveis).
É válida a intenção do grupo investir
na história do Brasil no seu novo espetáculo. Porém pelos excessos, a encenação torna-se longa, cansativa e nada engraçada.
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