segunda-feira, 5 de outubro de 2015

PITORESCA



                   EXCESSOS E ESTERIÓTIPOS NA NOVA PEÇA DA CIA.NU ESCURO

Eliana Santos, Liomar Veloso e Adriana Brito em Pitoresca


Na medida do possível, tenho acompanhado a cena teatral. Espetáculos inéditos sempre chamam mais atenção. Das produções goianas que vi ultimamente está Pitoresca, estreia da  Cia. Nu Escuro, que tem patrocínio da Petrobras. O grupo promete retornar ao palco em Goiânia, e depois pegar a estrada.

Com dramaturgia e direção de Hélio Fróes, Pitoresca baseia-se  na história do Brasil contada pelos viajantes e aventureiros nos seus primeiros tempos de Colônia. O foco principal gira em torno de uma velha índia da terra Goyá.  O projeto demorou três anos  três anos para ficar pronto, após  oficinas, longas horas de estudos e pesquisas, e meses de  ensaios.  Inspirado na dinâmica das produções do Grupo Galpão (BH), os atores cantam, dançam.

O texto faz referências ao canibalismo, a antropofagia, a miscigenação, a personagens históricos como o bandeirante Anhanguera, que prometeu por fogo nos rios caso os índios não contassem aonde tinha ouro. Há também muitos esteriótipos e exageros  na narrativa, e elementos cênicos de montão. Equivocado e irônico, o figurino de Rita Alves vestiu coloca em cena índios vestidos com roupas de ginástica da marca Adidas, tênis de marca, óculos tipo Rai Ban.  Tem até um Papai Noel  na encenação.

Pitoresca quer ser engraçado, debochar das nossas mazelas históricas, que não bastam ser   tão escrachadas  nos livros,  no cinema e na TV. Pitoresca também exagera na dose. Os atores Adriana Brito, Lázaro Tuim, Izabela Nascente, Eliana Santos e Liomar Veloso se esforçam, tentam ser engraçados. Só Tuim consegue arrancar algum riso com seus trejeitos de índio fora dos padrões. 

Patrocinada pela Petrobras, a companhia investiu na ficha técnica. Chamou Duda Paiva, ator goiano que vive na Holanda, para criar a boneca da velha índia. Marcos Lotufo criou as máscaras de animais do cerrado que os desfilam no palco encerrando o espetáculo, na trilha sonora original e projeções (dispensáveis).  

É válida a intenção do  grupo  investir na história do Brasil no seu novo espetáculo. Porém pelos excessos, a encenação torna-se longa, cansativa e nada engraçada.           

   

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