quinta-feira, 15 de agosto de 2013

                                        PRÊMIO SESI ARTE CRIATIVIDADE 2013



O Prêmio SESI Arte Criatividade está com inscrições abertas até o dia 31 de agosto para sua 21ª  edição,  nas modalidades Artes Plásticas (Pintura, Escultura e Desenho) e Literatura (Contos, Poemas e Crônicas).  Mais informações e a ficha para preenchimento dos interessados estão disponíveis no site www.sesiartecriatividade.com.br.

Realizada há 21 anos pelo Serviço Social da Indústria, a tradicional premiação está aberta à participação de trabalhadores da indústria e seus dependentes e para pessoas da comunidade  acima de 16 anos de idade. Os vencedores ganharão prêmios em dinheiro, troféus e menção honrosa. Contos, poemas e crônicas serão publicados em livro, e as obras de arte expostas em local a ser determinado.  

Uma das novidades da edição 2013 é a homenagem especial ao escritor Bariani Ortencio, membro da Academia Goiana de Letras e autor de vários livros. Ele é  incentivador do concurso desde o primeiro ano de sua realização. Personalidades de destaque da cultura goiana, como Maria Helena Chein, Elizabeth Abreu Caldeira e José Mendonça Teles darão nome a troféus de premiação.

        
                               UMA NOITE NA LUA

Gregório Duduvier


"A peça fala sobre uma coisa que todo mundo sente. Desejo de ser amado. E até onde isso pode levar." (João Falcão)

Ganhadora dos Prêmios Shell e APTR de Melhor Autor e Ator a peça celebra a parceria entre o ator Gregório Duduvier, integrante e cocriador do grupo Porta dos Fundos, grande sucesso na internet, e o premiado dramaturgo e diretor João Falcão.

 O espetáculo Uma Noite na Lua estará em cartaz em sessão única no Teatro SESI, dia 17 de agosto (sábado), às 21 horas. Ingressos à venda na bilheteria do teatro, ao preço de R$ 40 e R$ 20.
“Aqui quem escreve é o Gregório. E eu não sei como se escreve um release. Certamente não é dessa maneira que eu estou escrevendo. Então espero que não estranhem. Vou falar um pouco sobre a peça. Ou melhor: sobre o que eu acho da peça.

“O gênero do espetáculo é híbrido. Não se sabe ao certo se é uma comédia com momentos tristes ou um drama cheio de humor. Talvez o termo correto seja "epopeia lírico-sentimental". Mas é um termo pomposo demais. Talvez seja melhor dizer: é como aquelas músicas sobre dor de corno. Mas aí é pomposo de menos. É mais fácil falar sobre o que fala a peça. Fala de um homem, em cima de um palco, pensando. Tudo o que ele pensa, ele fala. E a peça é o pensamento dele”.

Sobre o João Falcão: nunca vi um artista tão infalível. Suas peças são dramaturgicamente perfeitas. Tanto é que ele já ganhou toda sorte de prêmios como autor: Shell, Sharp, Mambembe, Qualidade Brasil. E as peças dele costumam ficar anos em cartaz, arrebatando público e crítica. Uma Noite na Lua levou o prêmio Sharp de Melhor Texto e o APCA de Melhor Ator para o Nanini, para quem a peça foi escrita, e com quem ela ficou três anos em cartaz. Sobre a peça, João diz: "É o texto mais auto  biográfico  que já escrevi. Não em relação à história, mas aos sentimentos. Todos os sentimentos que estão ali eu já senti." A peça fala sobre um autor, sobre criatividade, mas também sobre amor, e sobre solidão. Mesmo quem não escreve se identifica porque ama, ou já amou. E quem não escreve e nem nunca amou ninguém? Aí não se identifica. Mas aí também é um tipo de gente que não nos interessa.

Pessoalmente, garanto: é o texto mais perfeito que eu já li. Não trocaria uma palavra, uma vírgula, um ponto. A peça fala da solidão de um autor obsessivo. Abandonado pela mulher amada, ele tem que escrever uma peça que a faça voltar para ele. Mas a obsessão pela mulher o impede de pensar na peça. Aos poucos vamos vendo que a peça que estamos assistindo é a peça que ele está escrevendo, num jogo infinito de espelhos. Voltando às palavras de João: "A peça fala sobre uma coisa que todo mundo sente. Desejo de ser amado. E até onde isso pode levar."

Serviço
Espetáculo: Uma Noite na Lua
Dramaturgia, canção original,iluminação e direção geral: João Falcão
Ator: Gregório Duvivier
Dia: 17 de agosto (sábado)
Horário: 21 horas
Local: Teatro SESI (Av. João Leite, nº 1.013, Setor Santa Geneveva. Telefone: 3269-0800)
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). Estudantes, idosos acima de 60 anos e industriários mediante comprovação pagam meia entrada 



terça-feira, 6 de agosto de 2013



ALDEIA DIABO VELHO


                        CONFISSÕES SOBRE O TRAVESSEIRO
Ana Paula Paredes
                                                                                                                                                   
Duas estreias despertaram a minha  atenção na segunda edição do festival Aldeia Diabo Velho – Território Livre das Artes, promovido pelo SESC, por tratar-se de novos espetáculos de  grupos importantes e premiados da cena teatral  de Goiás. Dirigido por Danilo Alencar, o Grupo Arte & Fatos estreou Travesseiro, espetáculo solo com a atriz Ana Paula Paredes. Já o Grupo Sonhus Ritual ocupou o palco do Centro Cultural da UFG,  com A Força da Terra, sob a direção do conceituado Hugo Rodas.

Travesseiro é um texto inédito de Danilo Alencar, autor de  Balanço, A Clara do Ovo e  outros textos dignos de prêmios . Inquieto como ele só, o autor ousa entrar no universo particular da  jovem Violeta, que na solidão de seu quarto faz confidências reveladoras ao travesseiro. Seu mundo nada tem de cor de rosa. Violeta, a menina que tem nome de flor como todas as mulheres de sua família, não é desequilibrada, não é louca. É apenas uma menina, como tantas outras, vítima de um pai mau caráter, sofrida, com feridas profundas na alma, e que precisa de ajuda.  No decorrer da narrativa, ela vai rememorando alegrias e infortúnios, confidenciando ao seu “fiel” amigo os segredos guardados a sete chaves. Juntando os cacos dos sonhos que se quebraram como o espelho do quarto.

Quarto de Violeta

 Violeta contextualiza fatos históricos para falar da família que veio de Portugal na época da ditadura militar. Chora o assédio do pai  ocorrido na infância. Violeta vive um drama não revelado, ainda tratado de forma velada pelas famílias. Mas, o que incomoda na Violeta criada por Danilo Alencar é sua passividade diante da dor, a sutileza para falar de um problema, a forma comedida como ela expõe suas fragilidades. Ela chega a se compadecer do pai “canalha”, dizendo que quer trabalhar para pagar-lhe um tratamento quando terminar a faculdade, pois o considera doente. Doente, sim, mas impune. Talvez seja esse o ponto que incomoda no texto.   O filme da vida de Violeta carece de profundidade.

 A interpretação da atriz Ana Paula Paredes é verossímil. Danilo Alencar conduz o trabalho dirige com a segurança que ele merece.   Ney Couteiro fez um belo trabalho criando uma trilha sonora a partir de canções de autoria do próprio Danilo Alencar gostosa de ouvir na voz de Sabah Moraes e Luiz Augusto. Cláudio Livas desenhou um figurino condizente com a personagem romântica e sonhadora. Wagner Gonçalves acertou nas molduras de quadros e nos móveis brancos da cenografia. 


ELEMENTO TERRA

A Força da Terra


O Grupo Sonhus Ritual  aposta na terra como elemento principal do seu novo espetáculo A Força da Terra, sob a direção do conceituado Hugo Rodas. Convidado pelo grupo, formado por Nando Rocha, Pablo Angelino, Ilka Portela e Jô de Oliveira, Hugo esforçou-se para dar ritmo à montagem e fugir da monotonia do butô, a dança criada pelo japonês Kazuo Ono, que o grupo tem investido em praticamente todas as suas produções.

O Teatro Físico é a aposta da vez  aliado às belas imagens  do filme Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, baseado na obra de Graciliano Ramos, na qual Hugo Rodas inspirou-se para quebrar a rigidez  da peça.  A Força da Terra  foi reforçada na cenografia,  nas imagens e nas coreografias também criadas por Hugo Rodas. Há momentos realmente interessantes como as imagens distorcidas projetadas em uma enorme rede,  o parto da criança esfomeada, o homem e seu  cachorro, só para citar alguns.

Mas o espetáculo não é de fácil assimilação.  A direção não conseguiu dar unidade às cenas, o enredo ficou confuso,  dificultando o entendimento  do enredo.  As imagens são bonitas, a cenografia  interessante. Infelizmente  “os sonhos” da força da terra   engolindo  o homem,  não me convenceu . 

Fotos: Layza Vasconcelos


       

        

domingo, 4 de agosto de 2013

GRANDE CELEBRAÇÃO TEATRAL ENCERRA ALDEIA DIABO VELHO DO SESC


Grupo Galpão


O Grupo Galpão, um dos mais importantes do País,  encerrou sábado, a segunda edição do festival Aldeia Diabo Velho – Território Livre das Artes, promovido pelo SESC Goiás, com seu mais recente espetáculo de rua Os Gigantes da Montanha, de Luigi Pirandello, Prêmio Nobel de Literatura de 1934. A apresentação única em frente ao SESC Cidadania reuniu  centenas de espectadores.

O SESC acertou em cheio na escolha do Galpão para o encerramento em grande estilo do seu festival, que durante uma semana apresentou  atrações de alto nível  para adultos e crianças. Shows musicais, lançamento de livros e revistas, exposição de artes,  palestras, debates  e oficinas para a comunidade movimentam a cena cultural e a comunidade.  Orçado em mais de R$ 400 mil, levou milhares de pessoas a diferentes palcos da cidade, desde teatros a parques e praças.

 Dirigido pelo premiado Gabriel Villela (diretor também de   Romeu e Julieta e A Rua da Amargura, consideradas duas obras primas do Galpão) ,  Os Gigantes da Montanha chama a atenção por vários fatores, a começar pelo deslumbrante figurino em estilo barroco como as igrejas mineiras e a tapeçaria peruana. Os maravilhosos adereços,  a cenografia,  a iluminação e a  interpretação magistral dos  atores com seu perfeito domínio de palco são outros elementos importantes da produção, que estreou em Belo Horizonte no início deste ano.  

Muito bem selecionada, a trilha sonora registra belas canções  italianas interpretadas ao vivo pelo grupo, que toca os instrumentos musicais como uma grande orquestra.  Obra inacabada de Luigi Pirandello,  escrita em 1936, Os Gigantes da Montanha é uma alegoria que  celebra  a arte do teatro. Uma companhia decadente  chega a uma vila misteriosa para encenar  A Fábula do Filho Trocado,  para os habitantes do lugar. Em clima fantástico e até surreal a cena se desenvolve com muito humor e irreverência.


Com seu Aldeia Diabo Velho – Território Livre das Artes – A Cena no Centro, o  SESC alcançou seu objetivo de transformar a cidade,  uma semana inteira, em um mundo  de sonho, magia, entretenimento e cultura. Que venha a próxima edição. 


*** Parabéns  aos produtores Fernanda Fernandes, Wellington Dias, Aline Afiune, Fernanda Lacerda, Edneia Barbosa de Souza (assessoria de cultura)  pelo ótimo trabalho na Aldeia Diabo Velho.

Fotos: Gilson P. Borges