sexta-feira, 25 de maio de 2012

FOCO NA DANÇA



Pétalas


Meu tempo tem sido escasso para escrever sobre os espetáculos que tenho visto. Apesar do trabalho, fico atenta ao que ocorre na cidade, e sempre que posso vejo os espetáculos, sobretudo os locais. E a programação cultural na cidade tem sido movimentada. O público não tem do que reclamar.

Nos últimos meses assisti a três espetáculos de dança inéditos: Chá do Fígado, Baço e Memória, do Por Quá ? Grupo de Dança, Pétalas, da Cia. de Dança Hérika Crosara e Retrato em Branco e Preto, da Giro 8 Cia. de Dança. São três grupos novos, que buscam o reconhecimento, mas dirigidos por profissionais competentes e experientes. Confesso que não me empolga a proposta do Por Quá ?. Os bailarinos dançam pouco. Os enigmas são muitos, e os silêncios duram séculos.

A Cia. de Dança Hérika Crosara abre espaço para o seu trabalho. Hérika investe numa dança diferenciada, apostando nos movimentos da dança moderna, contemporânea e no balé clássico. A mistura dá um efeito muito gracioso. Formada por jovens bailarinos do Mvsika! Centro de Estudos, a companhia de Hérika é esforçada, coesa, tem bom preparo físico.

Inspirada no Código Turco do significado das flores, Hérika concebeu a coreografia Pétalas, uma coreografia harmoniosa , com movimentos criativos e agradável de se ver. O amadurecimento da companhia virá com o tempo, e com certeza outros trabalhos virão.


Giro 8


Ex-proprietária do Núcleo Energia de Dança, Maria Inês de Castro, é uma professora e coreógrafa conceituada. Dentro da sua escola nasceu a Quasar Cia de Dança. Extinto o Grupo Energia, Maria Inês acaba de criar a Giro 8 Cia. de Dança com o objetivo de desenvolver um trabalho diferenciado. Retrato em Branco e Preto marcou a estreia do grupo. Trata-se de uma coreografia bem elaborada, que utiliza recursos visuais. Enquanto o espetáculo se desenrola no palco, cenas de bailarinos dançando nas ruas de Goiânia vão sendo exibidas simultaneamente. Esse recurso não é novidade. Muitas companhias exploram o filão. Mas, dá um efeito interessante à criação. O grupo é heterogêneo, o que provoca um certo desequilíbrio no palco. Acredito que com o tempo e as correções necessárias, o grupo vai se destacar e conquistar o seu tão sonhado espaço.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

IMPRESSÕES TEATRAIS 1


Eclipse

Estamos no meio do ano e já assisti a dezenas de espetáculos de teatro, dança, música, circo. Seja por obrigação profissional, ou por mero interesse. Algumas me emocionaram como Estamira – Beira do Mundo, de Dani Barros e Beatriz Sayad, e Hécuba, de Gabriel Vilela e Walderez de Barros, que assisti no 21º Festival de Teatro de Curitiba.


Também gostei particularmente de Júlia, da Cia. Hiato, dirigida por Leonardo Moreira. Adaptada da obra prima A Senhorita Júlia, de Strindberg, a peça apresenta uma saga familiar em três momentos diferentes, simultaneamente. Soluções criativas e instigantes do diretor prende o espectador do começo ao fim da peça.

Júlia

Júlia é uma peça ousada, instigante, que rompe as barreiras entre o teatro e cinema. Narra a história de uma adolescente rica que seduz o motorista da família. Um cameraman acompanha todos os movimentos do casal enquanto a peça se desenrola no palco.

Eclipse do Grupo Galpão, de Belo Horizonte, dá continuidade ao projeto Anton Chékhov, iniciado em 2011 com a encenação de Tio Vânia, exibido no Teatro Sesi. Bem adaptado e dirigido pelo russo Jurij Alschitz, o enredo se desenrola a partir de um eclipse solar que desencadeia situações absurdas dos personagens. Mais um ótimo trabalho do grupo mineiro que merece ser visto.

Eclipse do Grupo Galpão, de Belo Horizonte, dá continuidade ao projeto Anton Chékhov, iniciado em 2011 com a encenação de Tio Vânia, exibido no Teatro Sesi. Bem adaptado e dirigido pelo russo Jurij Alschitz, o enredo se desenrola a partir de um eclipse solar que desencadeia situações absurdas dos personagens. Mais um ótimo trabalho do grupo mineiro que merece ser visto.


As peças encenadas pela talentosa atriz Walderez de Barros sempre me despertam o interesse, sobretudo as personagens fortes, que ela interpreta com muita segurança. É o caso de Hécuba, tragédia grega de Eurípedes, adaptada e dirigida pelo admirável Gabriel Vilela, um profissional de primeira linha. Walderez vive Hécuba, a rainha de Tróia, que assiste a morte do marido, dos filhos e a destruição de seu país pelos gregos. Após a conquista de Tróia, os gregos exigem o sacrifício de sua filha Polixena pelas mãos de Odisseu. Desesperada, Hécuba parte para a vingança. É quando Walderez exibe toda a sua exuberante dramaticidade. Cenário e figurinos magníficos, aliados à interpretação impecável da atriz e a direção segura de Vilela, fazem de Hécuba um ótimo espetáculo.



Hécuba
Drama psicológico do americano Stephen Belber, A Confissão conta a história de três amigos que há muito não se veem . Quando se reencontram, segredos e ressentimentos ressurgem do passado, desencadeando conflitos que pareciam esquecidos. Bem alinhavado pelo autor, o texto dirigido pelo cineasta Walter Lima Jr, e o desempenho correto do elenco ( Ângelo Paes Leme, Isabel Guerón e Silvio Guindane) tornam o espetáculo muito envolvente.


Adaptação do documentário de Marcos Prado, um dos vencedores do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), Estamira - Beira do Mundo é um espetáculo solo emocionante. A atriz Dani Barros vive a personagem descoberta por Marcos Prado no Aterro Sanitário do Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, de maneira impressionante. Doente mental crônica, emocionalmente instável, Estamira surpreende pela sua percepção do mundo, às vezes delirante, tensa, real, engraçada e triste. Dirigida por Beatriz Sayad, Dani Barros faz uma personagem verossímel. Se o filme emociona pela realidade atroz de Estamira, a peça não deixa por menos. Dani Barros faz um depoimento emocionado de uma vida de altos e baixos.

Estamira