domingo, 24 de outubro de 2010

TEATRO SESI - INAUGURAÇÃO


Goiânia terá mais um espaço teatral. Trata-se do Teatro Sesi, localizado no Setor Santa Genoveva, ao lado do Clube Antônio Ferreira Pacheco



Música, dança, teatro e circo vão movimentar o programa de inauguração do Teatro SESI, no dia 27 de outubro, às 20 horas. Instalado no Setor Santa Genoveva, o novo espaço das artes cênicas será ocupado pela Orquestra de Câmara Goyazes & convidados, sob a regência do maestro Eliseu Ferreira. Entre eles estão as cantoras Maria Eugênia, Cláudia Vieira, Débora di Sá e Vanessa Bertolini. Solos de dança Quasar e do Balé do Estado de Goiás fazem parte do programa, que terá participação do tenor Michel Silveira, do violeiro Marcus Biancardini, da mezzo soprano Wanessa Rodrigues e do violinista Thierry Lucas das Neves, de 13 anos.


Atriz e diretora da Cia. Viver Como Quem Se Arrisca, Tetê Caetano, assina a direção artística do espetáculo, produzido criteriosamente para marcar a inauguração deste importante espaço destinado às artes em Goiás.


Exposição
Convidada para ocupar o foyer, a consagrada artista plástica Maria Guilhermina, que há 37 anos tem seu ateliê instalado ao lado do teatro, vai expor esculturas inéditas em pau brasil e pedra sabão, inspiradas nas formas da natureza: pássaros, animais e vegetais. A mostra ficará em cartaz até o dia 30 de novembro.


Espaço


Projeto arquitetônico de Ciro Lisita Arantes, o Centro Cultural SESI tem 2.670 m2 de área construída, 600 lugares (plateias inferior e superior), oito camarins, seis salas para oficinas, cursos e ensaios, foyer para exposições de artes plásticas, lançamentos literários e outras manifestações culturais, café e estacionamento para 300 veículos. Trata-se de um importante complexo cultural, que visa oferecer programas artísticos de alto nível aos trabalhadores da indústria , seus familiares , e à comunidade, fomentar a cultura e estimular o espírito crítico, especialmente dos trabalhadores da indústria.

Localizado na Av. João Leite, nº 1.013, Setor Santa Genoveva, o Teatro SESI já está com sua pauta disponível para locação. Informações com Teco pelo telefone: (62)3219-1359.

TRAVESSIA III - TEATRO RITUAL


Dança butô é o principal ingrediente de Êxodo, terceiro espetáculo da trilogia Travessia, do Teatro Ritual



Os atores Nando Rocha e Pablo Angelino, do grupo Teatro Ritual, nunca esconderam a admiração pela dança butô, gênero criado no Japão após a Segunda Guerra Mundial pelos dançarinos e coreógrafos Kasuo Ohno e Tatsumi Hijikata. Ohno morreu em junho aos 103 anos deixando um legado que conquistou adeptos no mundo todo, como os dois atores de Goiás.

Inicialmente, o butô causou o maior impacto e foi chamado de “dança das trevas” pela ousadia em explorar o caos e o horror vivido pelos japoneses após as explosões da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki . Uma das principais características do butô são os solos silenciosos, a lentidão de movimentos como se fossem realizados em câmara lenta, baseados nas tradicionais danças japonesas de forte inspiração teatral. Expressão corporal e facial, concentração e entrega total aos personagens são fundamentais para quem aposta no gênero.

Desde o primeiro episódio da trilogia Travessia, Nando e Pablo dedicam o maior tempo possível, e correm atrás de todas as possibilidades para chegar à perfeição que a esse tipo de encenação exige. Estudaram, pesquisaram, fizeram diversos cursos, inclusive com o expert japonês Tadashi Endo, que atua na Alemanha, e tem estreitas conexões com artistas brasileiros.

Se na primeira Travessia – A Partida, eles abordaram o acidente radioativo com o Césio 137, ocorrido em Goiânia em 1987, na segunda Travessia – De Tão Longe Venho Vindo a abordagem gira em torno das distâncias, da solidão e das intempéries provocadas pelo tempo e pela vida. Neste terceiro espetáculo da série Êxodo é o tema. A produção narra a história de duas crianças que perdem o navio que as levará rumo ao desconhecido. Na travessia arriscada, os dois se deparam com as profundezas do mar sem fim, os mistérios do universo, as incertezas do amanhã. Ao mesmo tempo em que fazem a travessia pela vida, os personagens promovem um encontro consigo mesmo. “Todo verdadeiro lugar por onde atravessei está em minha alma, impresso em minha memória ancestral, manifestada em meu corpo. Estamos em constante travessia”, afirmam os atores no catálogo da peça, que fará temporadas em Quirinópolis e Pirenópolis antes de seguir para Belo Horizonte, Cuiabá e Curitiba.

Há momentos muito interessantes na nova travessia de Nando e Pablo pelo desconhecido. Sintonia não falta aos atores. Diferentemente dos espetáculos anteriores da trilogia, a Travessia III peca pela trilha sonora fora do contexto e algumas derrapadas na direção de Gustavo Collini, que o Teatro Ritual trouxe da Argentina para dirigir a dupla . Mas, apesar das imperfeições, que ainda podem ser sanadas, o espetáculo tem momentos de muita sensibilidade como a cena do barco.

Mais amadurecidos e experientes, Nando e Pablo estão bem em seus papeis. Pablo bem mais compenetrado e sincero em sua interpretação tem amadurecido a cada novo espetáculo. Travessia I é um bom espetáculo, Travessia 2, muito melhor e Travessia 3 tem ingredientes suficientes para ser tão bom o segundo episódio da série. Em todos os aspectos ainda prefiro De Tão Longe Venho Vindo.

O figurino de Solange e Ana Maria Mendonça enriquece a produção, assim como a iluminação de Roosevelt Saavedra, o cenário e a ambientação dos próprios atores. Na busca de aperfeiçoamento, Nando e Pablo investiram na orientação para a criação artística e treinamento butô de Yoshito Ohno e Natsu Nakagima, no Japão, e Joan Lagge, dos Estados Unidos.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

OLHO - JOÃO BOSCO AMARAL


Diretor da Casa das Artes, diretor da Cia. de Teatro Oops!!!, João Bosco Amaral surpreende como ator no monólogo Olho, adaptação do conto Coração Delator, de Edgar Allan Poe, feita por ele mesmo. Convidado para dirigir o ator, Ivan Lima apostou na atmosfera noir da encenação, realçada pela iluminação à meia luz, às vezes escura como pede o texto.

Considerado o criador do romance policial e mestre do suspense, o autor explora sentimentos contraditórios do ser humano, suas obsessões, ambições, medos e terrores. Na adaptação, João Bosco alinhavou o texto de Allan Poe com outros de Artaud, Shakespeare e Francis Bacon para reforçar o suspense e o desequilíbrio do personagem, que narra sua própria história.

Com uma carreira promissora, João Bosco domina bem a cena, passa de um personagem a outro com segurança as nuances de cada personagem com alternações na voz, no gestual e nas expressões corporal e facial adequadas, o que prova o seu amadurecimento como ator.

Bem conduzido pelo experiente diretor Ivan Lima, o espetáculo é muito cuidado. Cada detalhe tem sua razão de ser. Encenação, cenário, iluminação e figurino estão perfeitamente inseridos dentro do contexto da bizarra história. A trilha sonora de Lino Calaça enfatiza o clima de suspense da produção, que com o aprimoramento essencial ao fazer teatral ficará ainda melhor.