MOSTRA DE JARAGUÁ SUPERA EXPECTATIVAS

Encerrada ontem com o espetáculo Till, a Saga de um Herói Torto, do Grupo Galpão, de Belo Horizonte, a 1ª Mostra Regional de Artes Cênicas Jaraguá...Uçu superou todas as expectativas. Segundo cálculos dos organizadores, mais de sete mil pessoas prestigiaram os 10 espetáculos em cartaz no Salão Paroquial e no Circo da Praça da Matriz, nos seis dias da mostra. As oficinas de Dança, Circo e Arte Educação foram muito concorridas, assim como as charlas (bate papo) sobre as peças, após cada apresentação.

A condução do debate das charlas ficou por conta da coreógrafa de Cia. de Dança Anti Status Quo, de Brasília, Luciana Lara. Os quatro debates, que discutiram a Arte na Educação e o Papel Social da Arte, Interiorização da Cultura, Política Públicas para as Artes Cênicas e os Coletivos Cênicos tiveram a participação de artistas, políticos, professores, diretores de teatro de diversas cidades.

Desde a estréia no dia 1º, com a comédia Fulano & Sicrano, do Centro Teatral ETc e Tal, do Rio de Janeiro, a média de público em cada espetáculo variou de 450 a 600 pessoas nos dois espaços. O presidente da Feteg, Danilo Alencar, surpreendeu-se com a repercussão da mostra, que tem caráter itinerante. “Mais importante foi a semente que plantamos em Jaraguá. Temos certeza de que de agora em diante a cultura será vista com outros olhos pela população e os investimentos serão maiores nessa área”, afirma Danilo.

Fundada há 264 anos, Jaraguá integra o circuito de cidades goianas do chamado Ciclo do Ouro. A maioria de suas festas populares estão diretamente ligada à religiosidade de seu povo. Cavalhadas, Folia de Reis, Congada, Paixão de Cristo e Procissões em datas especiais fazem parte do calendário anual da cidade, de onde saíram importantes nomes da literatura e da música. Agora, depois da Mostra da Feteg, quer ser também ponto de cultura do Estado.

Satisfeito com o resultado, o prefeito Lineu Olímpio, parceiro da Feteg na promoção do evento, prometeu dar todo o apoio necessário para que Jaraguá seja produtora de cultura. Ele garantiu instalar um circo na cidade para que as oficinas de perna de pau, diabolô, tecido acrobático, malabares e percussão tenham continuidade com os instrutores do Circo Lahetô, de Goiânia.

Atrações
Um dos melhores coletivos de teatro do País, o Grupo Galpão atraiu milhares de pessoas de todas as idades à Praça da Matriz, domingo à noite, apesar do frio. Fulano & Sicrano, do Centro Teatral e ETc e Tal, do Rio de Janeiro, convidado para abertura da mostra, no dia 1º, conquistou logo de cara os espectadores com suas pantomimas engraçadas e a perfeita sintonia dos atores. Chiquinha, a Fofoqueira, do Teatro Zabriskie, No Coração do Brasil, da Esqueteria Macacos tiveram ótima acolhida da plateia, bem como Das Saborosas Aventuras de Dom Quixote de La Mancha e seu Escudeiro Sancho Pança, do Teatro Que Roda.

Os atores Dionísio Bombinha e Liz Eliodoraz levaram para a rua centenas de pessoas. Curiosas, elas acompanharam de perto cada passo do aventureiro Dom Quixote e seu fiel escudeiro Sancho Pança. As 12 noivas, que representavam Dulcineia, o grande amor de Quixote, foram uma atração à parte: desceram de rapel de um dos prédios da principal avenida e andaram numa retro-escavadeira cedida pela Prefeitura. A cidade praticamente parou para ver de perto a saga dos personagens de Miguel de Cervantes.

Dúplice, com Rodrigo Cruz e Rodrigo Cunha, Hoje É Domingo, do Grupo Solo de Dança, Última Gota, do Nômades Grupo de Dança, O Cabra Que Matou as Cabras, da Cia. Nu Escuro e Balanço, do Grupo Independente foram alvo de grande interesse da plateia pela ousadia das propostas temáticas, a interpretação de seus atores e a produção caprichada de seus trabalhos. Não se pode deixar de registrar o show dos Passarinhos do Cerrado, que alegrou a noite de sexta, com seu canto inspirado na sonoridade regional.

Debates
Além dos artistas goianos, alguns convidados ilustres participaram dos debates sobre A Arte na Educação e o Papel Social da Arte, Interiorização, Políticas Públicas para as Artes Cênicas e Coletivos Cênicos, como Chico Pelúcio, do Grupo Galpão, Licko Turle e Jussara Trindade, do Tá na Rua, do Rio de Janeiro. Tetê Caetano, diretora de teatro e do Centro Cultural Martim Cererê da Agência Goiana de Cultura, Constantino Isidoro, a Anthropos Cia. de Teatro, o ex-produtor cultural Marcus Fidélis, Maneco Maracá, do Circo Lahetô fizeram parte da mesa de debates. De Jataí, Pirenópolis e Anápolis, vieram, respectivamente, os secretários de Cultura Marco Antônio Gomes, Gedson Oliveira e Augusto César de Almeida.

O prefeito de Jaraguá, Lineu Olímpio, o superintendente de Cultura, Paulo Victor Avelar, o secretário de Planejamento, Gilson Maurício da Silva, o presidente do Conselho de Cultura, João Luís e o vereador Sebastião Hélcio, representaram Jaraguá nas discussões sobre temas relacionados às artes cênicas.

Realização da Federação de Teatro de Goiás, em parceria com a Prefeitura de Jaraguá, incentivos do Ministério da Cultura/Funarte e Lei Goyazes, e patrocínio da Belcar Caminhões e Cidadania, a 1ª Mostra Regional de Artes Cênicas Jaraguá...Uçu está orçada em R$ 230 mil. Sob o comando do produtor cultural e diretor da Feteg, Marcelo Carneiro, a produção esmerou-se para o êxito do festival. A equipe formada por Marcos Lotufo, Fernanda Fernandes, Marci Dornelas, Boi Afiune, Alynne Afiune, Priscilla Carneiro, Norval Berbari e muitos outros não pouparam esforços para que a mostra fosse um sucesso.