PERDAS E GANHOS DE UM ANO QUE TERMINA
2019 não foi um ano fácil para a cultura de uma maneira geral. Houve muito mal entendido, bate boca e enfrentamento. Mas, também teve muita união da classe artística para pressionar os responsáveis em busca de seus direitos. Apesar de serem muitos os fatores negativos, os positivos houve muita coisa boa movimentando a cidade o ano inteiro. Concertos de orquestras, festivais, shows artísticos para todos os gostos, peças de teatro, espetáculos de dança ocuparam os espaços da capital.
A recriação da Secretaria de Estado da Cultura foi considerada muito relevante pelos artistas, diretores, escritores e produtores culturais. A liberação do pagamento de R$ 30,7 milhões do Fundo de Apoio à Arte e Cultura (FAC) bem como sua manutenção foram outras importantes conquistas da classe. Entre as perdas estão a não realização de projetos consolidados como os Festivais de Cinema Ambiental e Canto da Primavera, a Mostra de Teatro de Porangatu, a diminuição dos valores e atraso na publicação do edital da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e não publicação do edital da Lei Goyazes. Lamentável também foi a censura ao show de lançamento do CD do cantor e compositor Itamar Correia, na cidade de Goiás.
Há esperança de dias melhores em 2020, como destaca o ator, produtor cultural e vice-presidente da Federação de Teatro do Estado de Goiás (Feteg), Norval Berbari. “Com o pagamento do edital 2018 e os recursos aguardados pela classe artística do Projeto Goyazes, também referente a 2018, esperamos que ainda no primeiro semestre de 2020 excelentes trabalhos e produtos ocupem os espaços culturais da cidade”.
Veja a avaliação de 2019 feita pelos produtores culturais de Goiás
Marci Dornelas, diretora de Políticas Culturais da Secretaria Municipal de Cultura “2019 foi um ano de muitas dificuldades. Mas, conseguimos realizar todos os projetos apesar dos cortes de verbas. No geral, o ano foi positivo. Fizemos o Festival de Artes Cênicas Goiânia em Cena, com resultado muito bom. As Leis de Incentivo à Cultura de modo geral deixaram muito a desejar. Muitas pessoas estavam com projetos organizados e aprovados e tiveram que cancelar”.
Laila Santoro, produtora cultural e Conselheira Municipal de Cultura
“Vivemos um retrocesso cultural na esfera estadual e federal. Tivemos como base apenas a Lei Municipal de Cultura. Foi muito triste ver tanta conquista sendo perdida. O que foi muito bom, foi a união da classe artística para se fazer ouvir, mesmo sob pressão. Promovemos muitos encontros, debatemos e conseguimos reverter algumas situações a nosso favor. Outo ponto positivo, é o surgimento de ideias inovadoras e criativas como os patrocínios diretos, vale ingressos para o teatro, shows alternativos, abertura de novos espaços culturais. Acho tudo isso muito bacana”.
Nilton Rodrigues, ator e diretor do Grupo Exercício de Teatro
“Não costuma ser fácil a vida de quem atua na área cultural em Goiás. 2019 esmerou-se a tal ponto que o acontecimento que talvez pudesse ser citado como a maior conquista figura como a pior: o ressurgimento da Secretaria de Estado da Cultura, que ainda não cumpriu o seu papel. Quando esteve à frente da secretaria, o escritor Edival Lourenço foi omisso, incompetente. Houve até censura ao cantor e compositor Itamar Correia e a redução dos recursos do Fundo de Apoio à Arte e Cultura. Apesar disso, 2019 foi rico em espetáculos e shows de qualidade artística. Citar nomes seria injustiça. Não vislumbro coisas boas para 2020. Mas estou confiante no sucesso de nossa empreitada no campo jurídico para fazer valer nossos direitos”.
Norval Berbari, ator, produtor cultural e vice-presidente da Federação de Teatro do Estado de Goiás
“O que houve de melhor em 2019 foi a recriação da Secretaria de Estado da Cultura, o pagamento do Fundo de Apoio à Arte e Cultura (FAC), no valor de R$ 30,7 milhões que permitirá a execução de quase 400 projetos no Estado, e ainda mobilização da classe artística que resultou no pagamento da FAC. Lamentável foram a escolha de um secretário sem força política para encaminhar e resolver as questões da pasta. A paralisação do funcionamento da Lei Goyazes de Incentivo à Cultura, o não lançamento da FAC 2019 e a tentativa do Governo e extingui-lo, a censura ao cantor e compositor Itamar Correia, na cidade de Goiás e a não realização dos festivais de Cinema Ambiental (Fica), Canto da Primavera e Mostra de Teatro de Porangatu foram outras atitudes negativas este ano”.
Fernanda Fernandes, produtora cultural
“Eu diria que 2019 foi um ano muito dolorido para a cultura. Um rolo compressor, pois houve um verdadeiro desmonte das atividades culturais. Teve censura, falta de apoio aos projetos, corte de verbas às leis já conquistadas, atrasos nos pagamentos. A recriação da Secretaria de Estado da Cultura foi um ponto positivo, mas ainda estamos inseguros em relação ao seu projeto de ação. Outro ponto importante é a permanência do Fundo de Apoio à Arte e Cultura e a manutenção do curso de Produção Cênica do Instituto de Educação Tecnológica Basileu França”.