sexta-feira, 9 de setembro de 2016




                          DRAMATURGIA GOIANA DE CARA NOVA

Grupo Arte & Fatos

                                                                       
O teatro vai muito além da dramaturgia. Não que a atuação, a direção, os figurinos, os cenários e os outros elementos que o compõem não sejam também muito importantes na cena. Porém, o texto teatral é fundamental. É o ponto de partida do todo, por isso deve ser coeso, objetivo e encenado com muita convicção. 

Escrever para o teatro é um ato que exige observação atenta do dramaturgo, muita coragem, e paixão. O tema pode ser real, sintonizado com nosso tempo, ou imaginário. Pode ser recheado de magia e fantasia. Como não é tarefa fácil, nem sempre o bom ator ou diretor é um bom autor e vice versa.
Para qualquer escritor, leitura é primordial, assim como a observação, e a perfeita sintonia com os mais variados assuntos. Muitas vezes de uma matéria de jornal, uma frase, o assunto corriqueiro do cotidiano pode resultar em um grande espetáculo. É aí que entram a imaginação, a sensibilidade e relevância do autor.   
Muita gente se empenha em manter vivo o teatro. Em Goiânia, há muita gente que faz do teatro a sua principal atividade existencial, consagra a ele o corpo, a alma, e todo o seu entusiasmo. Mantém a chama acesa com boas produções e bons textos. Muita gente talentosa vem se revelando também como autores. 
Recentemente, o Sesi realizou uma edição do Núcleo de Dramaturgia, com o objetivo de revelar novos autores teatrais. Inspirou-se em similiares do Sesi de São Paulo e Curitiba, que, segundo as avaliações de especialistas obtiveram ótimos resultados. Os núcleos continuam na grade das duas instituições da indústria como atividades abertas à participação de trabalhadores e comunidade.

Para o Núcleo de Dramaturgia Goiânia, foram convidados os renomados diretores, dramaturgos e professores de Artes Cênicas Kil Abreu, Roberto Alvim e Samir Yasbek (SP), Fernando Vilar (DF), Márcio Marciano (PB), Rafael Lorran (MG) e Ana Karina dos Santos (RJ) para ministrar oficinas específicas para os futuros autores entre maio e julho. Ao receberem os convites, todos ficaram entusiasmados com a iniciativa que visa revelar talentos para as artes cênicas e estimular a criação teatral. Todo o curso foi inteiramente gratuito. 

Coordenador Samuel Baldani, do Grupo Guará
   
Vinte e oito pessoas fizeram inscrição e 15 foram selecionadas por uma comissão coordenada pelo diretor Samuel Baldani, do Grupo Guará da Coordenação de Arte e Cultura da PUC Goiás. Oito freqüentaram as oficinas regularmente. O resultado surpreendeu os oficineiros.

No encerramento, seis obras foram escolhidas pelos professores Roberto Alvim e Márcio Marciano para serem lidas no palco. As peças de  Victor Duarte, Almir Amorim, Jarleo  Barbosa , Lua Barreto, Marília Ribeiro e Mariabe Aguilar tiveram seus trabalhos  lidos no Teatro Sesi pelos grupos convidados Artes e Fatos, Cia. Comfome, Teatro Destinatário, Teatro Que Roda, Cia. Novo Ato e Grupo Guará.  Com exceção da atriz Marília Ribeiro, todos os demais são estreantes na dramaturgia e demonstram inegável talento para a escrita teatral.

Roberto Alvim, do Clube Noir (SP)
  
O teatro oferece amplas possibilidades históricas, pois registra o cotidiano do mundo contemporâneo. É o presente registrado para o futuro.  Modelos de vida familiar, política, comunidade,  cidade,  País entram no foco teatral. No futuro, atores, diretores,  produtores e outros leitores poderão conhecer o nosso tempo, como fazemos hoje quando lemos as obras clássicas da dramaturgia. Como bem observa o diretor e autor Roberto Alvim: “Toda questão local é também universal”. 

Além da possibilidade de produção e encenação, as novas dramaturgias são um registro importante, com grandes chances de interesse das futuras gerações. A continuidade do Núcleo Sesi de Dramaturgia é um ponto que merece ser destacado e discutido para que outros talentos da dramaturgia despontem em Goiás.       
            
Fotos: Josemar Callefi

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