DRAMATURGIA GOIANA DE
CARA NOVA
Grupo Arte & Fatos |
O teatro vai muito além da dramaturgia. Não
que a atuação, a direção, os figurinos, os cenários e os outros elementos que o
compõem não sejam também muito importantes na cena. Porém, o texto teatral é
fundamental. É o ponto de partida do todo, por isso deve ser coeso, objetivo e
encenado com muita convicção.
Escrever para o teatro é um ato que exige
observação atenta do dramaturgo, muita coragem, e paixão. O tema pode ser real,
sintonizado com nosso tempo, ou imaginário. Pode ser recheado de magia e
fantasia. Como não é tarefa fácil, nem sempre o bom ator ou diretor é um bom
autor e vice versa.
Para qualquer escritor, leitura é primordial,
assim como a observação, e a perfeita sintonia com os mais variados assuntos. Muitas
vezes de uma matéria de jornal, uma frase, o assunto corriqueiro do cotidiano
pode resultar em um grande espetáculo. É aí que entram a imaginação, a
sensibilidade e relevância do autor.
Muita gente se empenha em manter vivo o
teatro. Em Goiânia, há muita gente que faz do teatro a sua principal atividade
existencial, consagra a ele o corpo, a alma, e todo o seu entusiasmo. Mantém a
chama acesa com boas produções e bons textos. Muita gente talentosa vem se
revelando também como autores.
Recentemente, o Sesi realizou uma edição do
Núcleo de Dramaturgia, com o objetivo de revelar novos autores teatrais.
Inspirou-se em similiares do Sesi de São Paulo e Curitiba, que, segundo as
avaliações de especialistas obtiveram ótimos resultados. Os núcleos continuam
na grade das duas instituições da indústria como atividades abertas à
participação de trabalhadores e comunidade.
Para o Núcleo de Dramaturgia Goiânia, foram
convidados os renomados diretores, dramaturgos e professores de Artes Cênicas Kil
Abreu, Roberto Alvim e Samir Yasbek (SP), Fernando Vilar (DF), Márcio Marciano
(PB), Rafael Lorran (MG) e Ana Karina dos Santos (RJ) para ministrar oficinas
específicas para os futuros autores entre maio e julho. Ao receberem os
convites, todos ficaram entusiasmados com a iniciativa que visa revelar talentos
para as artes cênicas e estimular a criação teatral. Todo o curso foi
inteiramente gratuito.
Coordenador Samuel Baldani, do Grupo Guará |
Vinte
e oito pessoas fizeram inscrição e 15 foram selecionadas por uma comissão
coordenada pelo diretor Samuel Baldani, do Grupo Guará da Coordenação de Arte e
Cultura da PUC Goiás. Oito freqüentaram as oficinas regularmente. O resultado
surpreendeu os oficineiros.
No encerramento, seis obras foram escolhidas
pelos professores Roberto Alvim e Márcio Marciano para serem lidas no palco. As
peças de Victor Duarte, Almir Amorim,
Jarleo Barbosa , Lua Barreto, Marília
Ribeiro e Mariabe Aguilar tiveram seus trabalhos lidos no Teatro Sesi pelos grupos convidados
Artes e Fatos, Cia. Comfome, Teatro Destinatário, Teatro Que Roda, Cia. Novo
Ato e Grupo Guará. Com exceção da atriz
Marília Ribeiro, todos os demais são estreantes na dramaturgia e demonstram
inegável talento para a escrita teatral.
Roberto Alvim, do Clube Noir (SP) |
O teatro oferece amplas possibilidades
históricas, pois registra o cotidiano do mundo contemporâneo. É o presente
registrado para o futuro. Modelos de
vida familiar, política, comunidade,
cidade, País entram no foco
teatral. No futuro, atores, diretores,
produtores e outros leitores poderão conhecer o nosso tempo, como
fazemos hoje quando lemos as obras clássicas da dramaturgia. Como bem observa o
diretor e autor Roberto Alvim: “Toda questão local é também universal”.
Além da possibilidade de produção e
encenação, as novas dramaturgias são um registro importante, com grandes
chances de interesse das futuras gerações. A continuidade do Núcleo Sesi de
Dramaturgia é um ponto que merece ser destacado e discutido para que outros
talentos da dramaturgia despontem em Goiás.
Fotos: Josemar Callefi