FALTOU EMOÇÃO
Desde a estreia, planejava assistir a peça
Yerma, montagem da Cia. Sala 3, que este ano comemora 13 anos de existência,
sob o comando do diretor Altair de Souza, levada pela curiosidade de ver no
palco a tragédia do casal de camponeses, escrita por Federico Garcia Lorca, em
1934.
Poema
trágico, emocional, o texto narra a história de Yerma, uma mulher sonhadora que
almeja ser mãe. O marido, porém, não compartilha do seu desejo, dedicando-se muito
mais ao trabalho no campo do a sua mulher. Desprezada pelo marido, Yerma sente-se cada
vez mais só e sem esperança de ver o sonho da maternidade realizado, é levada ao
desespero, seguindo por um caminho que fatalmente a leva a cometer uma loucura.
Visualmente exuberante, a produção do diretor
Altair de Souza, destaca-se pelo cenário formado por tablados multifuncionais, figurino
com muitas rendas e cores vibrantes e música flamenca na trilha sonora. A
participação especial da ótima dançarina
e professora de flamenco Renata Paolucci enriquece a cena. Novelos de lã, fios, cordões envolvem os personagens,
caem pelo chão, à medida que a trama se desenrola. Some-se a tudo isso a
iluminação muito bem desenhada por Rodrigo Assis.
Bonito de ver. Infelizmente, falta emoção ao
elenco da Cia. Sala 3. A interpretação é morna, pouco convincente. Não tem a
força dramática, a complexidade e os sentimentos aflorados, que o texto dramático
exige. Lorca é sanguíneo. O desfecho da
peça ficou confuso. Mal acaba de cometer um desatino, Yerma (atriz) começa a
falar sobre Federico Garcia Lorca, poeta e dramaturgo fuzilado durante da
Guerra Civil Espanhola, em 1936. Simultaneamente, um vídeo vai sendo exibido
com cenas da enorme tragédia que se abateu sobre a Espanha. Não dá tempo ao
espectador assimilar a tragédia do casal.
Altair de Souza é um diretor talentoso, inventivo,
ousado, principalmente quando decide encenar seis peças de uma só vez (duas de
Garcia Lorca) para comemorar os 13 anos de sua companhia de teatro, porém
precisa investir mais no seu elenco.
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