sexta-feira, 11 de setembro de 2015

YERMA




                                              FALTOU EMOÇÃO   



Desde a estreia, planejava assistir a peça Yerma, montagem da Cia. Sala 3, que este ano comemora 13 anos de existência, sob o comando do diretor Altair de Souza, levada pela curiosidade de ver no palco a tragédia do casal de camponeses, escrita por Federico Garcia Lorca, em 1934.

 Poema trágico, emocional, o texto narra a história de Yerma, uma mulher sonhadora que almeja ser mãe. O marido, porém, não compartilha do seu desejo, dedicando-se muito mais ao trabalho no campo do a sua mulher.  Desprezada pelo marido, Yerma sente-se cada vez mais só e sem esperança de ver o sonho da maternidade realizado, é levada ao desespero, seguindo por um caminho que fatalmente a leva a cometer uma loucura.

 Visualmente exuberante, a produção do diretor Altair de Souza, destaca-se pelo cenário formado por tablados multifuncionais, figurino com muitas rendas e cores vibrantes e música flamenca na trilha sonora. A participação especial da  ótima dançarina e professora de flamenco Renata Paolucci enriquece a cena.  Novelos de lã, fios, cordões envolvem os personagens, caem pelo chão, à medida que a trama se desenrola. Some-se a tudo isso a iluminação muito bem desenhada por Rodrigo Assis. 

Bonito de ver. Infelizmente, falta emoção ao elenco da Cia. Sala 3. A interpretação é morna, pouco convincente. Não tem a força dramática, a complexidade e os sentimentos aflorados, que o texto dramático exige. Lorca é sanguíneo.  O desfecho da peça ficou confuso. Mal acaba de cometer um desatino, Yerma (atriz) começa a falar sobre Federico Garcia Lorca, poeta e dramaturgo fuzilado durante da Guerra Civil Espanhola, em 1936. Simultaneamente, um vídeo vai sendo exibido com cenas da enorme tragédia que se abateu sobre a Espanha. Não dá tempo ao espectador assimilar a tragédia do casal.

Altair de Souza é um diretor talentoso, inventivo, ousado, principalmente quando decide encenar seis peças de uma só vez (duas de Garcia Lorca) para comemorar os 13 anos de sua companhia de teatro, porém precisa investir mais no seu elenco.

foto: Layza Vasconcelos
        

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