quarta-feira, 29 de junho de 2011

MUSICAL PURO OURO BRASILEIRO

Alba Franco e Newton Murce
Depois do espetáculo Martim Cererê, de 1988, o musical Puro Brasileiro é considerado o mais bem sucedido espetáculo da Cia. Teatral Martim Cererê. Há 11 anos em cartaz, o espetáculo trocou de elenco várias vezes e fez dezenas de apresentações no Brasil e no exterior. O diretor Marcos Fayad continua com a produção no repertório do grupo, e constantemente recebe convites para temporadas. Milhares de pessoas assistiram à montagem que conta de forma bem humorada e musical a história do nosso cancioneiro caipira. É um sucesso, não resta dúvida.

Diante da repercussão, e do importante material que ficara fora da primeira edição , Marcos Fayad decidiu criar uma sequência para o espetáculo. A estreia foi realizada no Teatro Sesi, de 10 a 12 de junho, com o título de Puro Ouro Brasileiro, uma escolha que, acredito, acabou confundindo o público, que acabou achando tratar-se da mesma produção.

Puro Ouro Brasileiro segue o mesmo formato da primeira versão Puro Brasileiro: música e pequenos textos explicativos sobre cada autor ou música costurando o espetáculo. Marcos Fayad assina o roteiro, a direção e também interpreta e canta junto com o elenco formado por Tião Sodré, Alba Franco, Débora di Sá, Gerda Arianna, Newton Murce, e os músicos Ney Couteiro (violão e viola), diretor musical, e Henrique Dias (acordeon).

Fayad recuperou pérolas do gênero de todas as regiões do País. Do Norte trouxe A Saga da Amazônia, um verdadeiro manifesto à destruição da Amazônia, segundo ele, a música favorita do seringueiro Chico Mendes. Foi ao Nordeste buscar as belas canções de Luiz Gonzaga, Catulo da Paixão Cearense, Stefana de Macedo, Castanha e Caju, Lindalva e Terezinha, Bráulio Tavares. Homenageou o gaúcho Teixeirinha em Coração de Luto. Siriema representou muito bem o Mato Grosso. A música do Centro Oeste e do Sudeste foi muito bem representada pelas tocantes Fiz a Cama na Varanda, a brincalhona A Mulher e o Trem, Cabecinha no Ombro, Viola Quebrada, Serra da Boa Esperança, Casinha Branca, A Moda do Fim do Mundo, Moreninha e Disco Voador.

O diretor optou pelo clima de seresta para iniciar o espetáculo fora do palco. O elenco entra no teatro cantando Luar do Sertão, o clássico de Catulo da Paixão Cearense, e só depois ocupa o espaço em clima de roda de viola. Os artistas se dividem e cantam em solos, duos, trios e finalizam a apresentação com um enorme coro entoando a divertida Disco Voador, de Palmeira e Biá, gravada em 1955.

Puro Ouro Brasileiro é um musical simples, que retrata de forma muito leve e respeitosa as canções que emocionam o caboclo, o caipira, o homem rural que aprecia o canto dos pássaros, o cheiro da terra e uma boa roda de viola. Puro Ouro Brasileiro alcança muito bem seus objetivos proporcionando ao público bons momentos de distração e diversão, momentos cada vez mais raros.

Capins secos e os belos efeitos de iluminação de Alexandre Greco deram ao cenário a ambientação rural típica. Tocos de árvores cortadas servem de bancos no terreiro da fazenda. Confeccionado em algodão, o figurino de Luciana Adauto tem a simplicidade marcante do caipira. As roupas femininas ganharam brilho discreto.

A produção do espetáculo Puro Ouro Brasileiro está caprichada, com a marca registrada de Marcos Fayad. É plasticamente bonito, tem músicas caipiras de bom gosto e elenco coeso, sob a direção musical de Ney Couteiro. Só falta conquistar o público.

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