sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

2009 - UM ANO PRODUTIVO PARA O TEATRO GOIANO


2009 termina. É mais um ano vivido, mais rugas no rosto e experiências acumuladas. É também o momento de passar a vida a limpo, jogar fora o que não vale a pena, guardar e fazer novos projetos. Confesso, que não faço nada disso. Ano-Novo, para mim, é sinônimo de continuidade, mudança de calendário. Os problemas continuam , o trabalho segue curso normal, as histórias se repetem...

Há muito tempo não faço planos. Vivo um dia de cada vez, procurando driblar os dissabores, apagando o lixo da memória e os sentimentos de derrota. Sei que na vida tudo é provisório, e que coisas boas e ruins passam um dia. Infelizmente, ainda me apego a algumas coisas. Não sei que importância podem ter, mas pelo menos preenchem o vazio da existência . Este blog é um exemplo. Ele surgiu como um espaço destinado a expor meu ponto de vista sobre teatro, um assunto que aprecio e toma boa parte do meu tempo.


Acho interessante registrar este momento tão produtivo que o teatro em Goiânia está experimentando, o esforço dos grupos, dos atores que se esforçam ao máximo para oferecer ao público o melhor de si. Reconheço as dificuldades, as condições precárias, a falta de patrocínio e de reconhecimento de cada um. Tenho o maior respeito por todos e faço torcida para que encontrem o caminho do sucesso que tanto almejam.

Reconheço também as minhas limitações. No entanto, procuro com o meu trabalho contribuir na divulgação do trabalho de cada ator e grupo de teatro da maneira que posso. Para isso, conto com o apoio da editora do Magazine, Rosângela Chaves. Ex-integrante do Grupo de Teatro Universitário, fundado nos anos 1980 na Universidade Federal de Goiás, pelo escritor, pesquisador e médico Carlos Fernando de Magalhães, Rosângela vê com muita simpatia a cena teatral da cidade. Com toda certeza, O POPULAR registra para a posteridade a história do teatro em Goiás.

Festivais
Mesmo limitado, este espaço é do artista de teatro de Goiás, que em 2009 mostrou com muita dignidade do que é capaz. Tivemos momentos importantes com a realização de mais uma edição da divertida Galhofada, no Setor Pedro Ludovico e do Festival Internacional de Artes Cênicas Goiânia em Cena, com uma programação do mais alto nível. O Festival do Boneco, que trouxe à cidade bonequeiros de várias partes do País e do exterior, foi uma agradável surpresa. O projeto SESI Bonecos passou também pela capital com dezenas de atrações de qualidade, deixando um rastro de alegria.

O Circo Laheto abriu a programação teatral com a História de Goiás no Picadeiro mostrando todo o potencial da garotada que está sendo formada em sua escola para assumir o circo de amanhã. Circulou por diversas cidades, contando a história do Estado com muita competência. O circo do Maneco Maracá, como é mais conhecido, vive um momento especial, abrindo mais espaço para si e seus futuros artistas. Foi dele o prêmio de melhor espetáculo do Festival Goiânia em Cena 2009.

Opiniões divididas
Fora da grade de programação dos festivais, os espetáculos Boi e Balanço dividiram as opiniões. Os comentários foram contra e a favor das duas produções. Escrito por Miguel Jorge, Boi foi adaptado pelo diretor Hugo Rodas, para adequar-se à produção do ator Guido Campos Correa. A produção do artista, que ficou 12 anos em cartaz com A Terceira Margem do Rio, fez diversas temporadas nos fins de semana e bombou no Festival Goiânia em Cena 2009 e na Mostra de Teatro de Porangatu - 8º Tenpo. Guido preparou-se para viver o personagem Zé Argemiro, esmerando-se na expressão corporal e na interpretação, despindo-se de vez das vestes do personagem de Guimarães Rosa.


Bruno Peixoto surpreendeu em Balanço, monólogo escrito especialmente para ele pelo diretor e autor Danilo Alencar. Mais experiente, o premiado ator deu o melhor de si no papel do jovem gay incompreendido pela família. Bruno lapidou seu talento em curso com Eugênio Barba na Dinamarca e em oficinas de aperfeiçoamento. Não foi à toa que ele arrebatou a plateia da Mostra de Porangatu com o personagem criado com muita sensibilidade por Danilo. Deixou no chinelo os astros globais Bruno Gagliasso e Thiago Martins, do grupo Nóis do Morro, com o fraco Aonde Está Você Agora, que abriu a Mostra de Porangatu.

Ajustes
Ainda precisando de ajustes e um elenco mais afinado, o diretor João Bosco Amaral acertou na escolha do texto de Macário, último texto escrito pelo romântico Álvares de Azevedo. Macário tem muitos pontos positivos: produção bem feita, figurinos adequados, bom cenário e uma direção correta. Infelizmente, o elenco não convence nos seus papéis.

Dejá vu
Há quem diga que o diretor Marcos Fayad, da Cia. Teatral Martim Cererê vem se repetindo nos seus últimos trabalhos. Há uma sensação de dejá vu. Depois de Puro Brasileiro, o espetáculo mais bem-sucedido da companhia, há oito anos em cartaz, Fayad tem investido cada vez mais nos musicais, assinando ele próprio o roteiro e a direção. Theatro Musical Profano foi a produção da vez. Mesmo com um trabalho de pesquisa muito bem fundamentado, boas interpretações e uma seleção musical impecável, o espetáculo não emplacou. Diferentemente do Musical Profano, Puro Brasileiro fez temporada concorrida no SESC Caldas Novas, e Marcos Fayad já pensa numa segunda edição para 2010.

Dança
Dois espetáculos de dança mereceram destaque em 2009. Céu na Boca, da Quasar Cia. de Dança e Perfume Para Argamassa, trabalho inovador que mescla dança às novas tecnologias, criação de Kleber Damaso. Surpreendente.

Decepções
Apesar do esforço, a Cia. de Teatro Nu Escuro não emplacou a sua criação coletiva Preciso Olhar, dirigida por Henrique Rodovalho. Morno, arrastado e interpretações fracas, o espetáculo gerou expectativa. Mas, deixou muito a desejar. Sob a direção do competente Hugo Rodas, Indecência derrapou feio. Os atores Adriana Veloso e Tiago Benetti não conseguiram convencer no papel de um casal moderno, que investe nas fantasias eróticas para salvar a relação. Nada original, o texto também não contribui com a produção com cenário e figurinos em tons vermelho e preto, e música eletrônica comandada pela DJ Simone Junqueira.



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