Quase cinquenta anos depois de morte, as canções de amor e a interpretação visceral da cantora francesa Édith Piaf continuam a emocionar. Ouvir Piaf remete a um tempo que já vai longe, faz sonhar, aflora a emoção. Cantora de voz inconfundível e tão afinada quanto a própria Piaf, Sabah Moraes ousou cantar Édith Piaf. Transpôs barreiras, e venceu o desafio com muita competência.
No dia 29 de maio, a cantora nascida na Ilha do Marajó e com forte sotaque paraense, transformou o palco do Teatro Sesi em um charmoso cabaré parisiense. O vermelho intenso predominou na cenografia criada por Paulinho Pessoa, que investiu nos lustres para completar a decoração do ambiente que remete às sofisticadas casas noturnas de Paris. A iluminação desenhada por Rodrigo Assis deu requinte ao cenário. Sabah vestiu-se elegantemente de renda preta, e deu toque francês à apresentação arrebatando a plateia.
Responsável pela direção musical, o violonista Ney Couteiro montou uma pequena orquestra, formada por Henrique Reis (piano e acordeon), Marcos Silveira (violino), Pedro Cruz (violino), Cindy Folly (viola), Adriana Losi (flauta) e Bruno Rejan (baixo) para acompanhar a cantora, e elaborou arranjos exclusivos para cada música . A direção artística de Danilo Alencar, do Grupo Arte & Fatos, da PUC Goiás, deu um toque especial ao espetáculo. Sabah movimentou-se com desenvoltura no palco sob o comando do diretor, que levou para o show sua experiência teatral enriquecendo a produção.
Quando as cortinas foram abertas, o público viu que não se tratava de um show qualquer com músicas de uma cantora famosa, morta aos 47 anos em 1963, em Paris. Um vídeo em preto e branco de Édith Piaf cantando Hymme à L´Amour (uma de suas mais belas canções), sinalizou o que viria a seguir. Sabah completou a canção em português, e na sequência sintetizou o amplo repertório da francesa, pinçando sucessos como La Vie em Rose, L´Accordéoniste, Padam Padam, Non Je Ne Regrette Rien, La Foule, La Valse d´Amour e outras, sem direito a bis.
Formada em Canto Lírico, com vários CDs gravados, compositora, atriz, poeta e educadora, Sabah Moraes mergulhou de cabeça na produção proposta pelo Teatro Sesi. Ao aceitar o desafio, sua primeira providência foi aprimorar o francês, e decorar as letras enormes de cada música. Surpreendeu o público com a interpretação magistral do repertório do “pequeno pardal francês”. Pura e bela ousadia! Só a incrível Bibi Ferreira ousou tanto.
Foto: Josemar Callefi